A Agência Europeia do Ambiente considerou hoje que são necessárias políticas concretas para resolver a “escassez de água, de maneira sustentável, que já é um problema premente” em Portugal, Espanha, Grécia e Itália.
“A área do [Mar] Mediterrâneo é o ponto alto das consequências das alterações climáticas, é preciso adaptar não só as cidades e as infraestruturas [desses países], mas também a agricultura”, disse a diretora executiva da Agência Europeia do Ambiente, Leena Ylä-Mononen, em conferência de imprensa, em Bruxelas, capital da Bélgica e onde estão localizadas as principais instituições da União Europeia (UE).
A responsável considerou que é preciso resolver o flagelo da “escassez de água, de maneira sustentável, que já é um problema” na maioria destes países, pedindo decisões concretas para a “resiliência da água”.
Apesar da apresentação do relatório, a Comissão Europeia, representada pela comissária com a pasta do Ambiente, Jessika Roswall, e a vice-presidente Teresa Rivera, não apresentou propostas para tentar solucionar os problemas apresentados pelo relatório, que pede ações mais urgentes.
O executivo comunitário limitou-se a reconhecer que há urgência em tentar debelar as alterações climáticas, mas manteve as propostas que já estão a ser implementadas ou que foram previamente anunciadas.
Portugal, Espanha, Grécia e Itália podem chegar a consumir 71% do total de energia na UE utilizada para arrefecimento de edifícios, por causa do aquecimento global, segundo um relatório divulgado hoje.
De acordo com um relatório divulgado hoje pela Agência Europeia do Ambiente, os problemas para a segurança energética variam na Europa, no entanto, nos países do sul há riscos “cada vez maiores” de ondas de calor, secas e escassez de água.
Estes fenómenos serão responsáveis por alterações nos comportamentos de consumo de energia, nomeadamente os sistemas de refrigeração dos edifícios.
“No futuro, Grécia, Itália, Portugal e Espanha poderão consumir 71% do total anual de energia utilizado para arrefecer edifícios residenciais na UE”, alertou a Agência Europeia do Ambiente.
No que diz respeito à descarbonização, o desígnio ecológico da União Europeia para as próximas décadas e que está a ser alvo de um debate cada vez mais intenso entre os países do bloco político-económico europeu, Portugal é apresentado como um “bom filho” de Bruxelas e um “exemplo na dianteira” deste objetivo.
Em 2023, as energias renováveis forneceram 73% da energia consumida no país, “posicionando-o como um dos países dianteiros na transição energética”.
“Portugal investiu imenso em energia hidroelétrica e eólica desde o princípio da década de 2000 e nos últimos anos aumentou rapidamente a capacidade da energia solar através de projetos de painéis fotovoltaicos e pela construção de instalações solares em telhados”, acrescentou o documento.
Em 2021, a conclusão do encerramento das centrais que produziam energia a partir do carvão representou “um momento decisivo na redução das emissões” de gases com efeito de estufa.
No entanto, ao nível da União Europeia a situação não é boa.
O relatório da Agência Europeia do Ambiente reconhece que houve “progressos significativos” na redução das emissões de gases com efeito de estufa e na poluição do ar, mas o “cenário não é bom”.
A UE está atrasada nos objetivos a que se propõe e a natureza “continua a sofrer degradação, sobre-exploração e perda de biodiversidade”.
O alerta chega numa altura em que vários setores, por exemplo, o automóvel, e um conjunto alargado de Estados-membros disseram à Comissão Europeia que é necessário refazer os calendários e dilatar os prazos para cumprir as ambições climáticas, em prol da assegurar a competitividade da UE.
A indústria, de maneira generalizada, advertiu Bruxelas de que o ritmo de descarbonização é incompatível com a transformação da indústria, mantendo-a competitiva.