O incêndio que lavra na Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra, voltou a ficar descontrolado durante a tarde de hoje, tendo posto novamente várias aldeias em risco, disse o presidente da Câmara.
“Apesar de uma noite [de segunda para terça-feira] calma e que trouxe alguma tranquilidade e de se achar que as linhas de fogo estavam reduzidas a apenas alguns reacendimentos, esses reacendimentos originaram, novamente, grandes fogos”, afirmou à agência Lusa Jorge Custódio.
Segundo o autarca, o fogo voltou a ficar descontrolado durante a tarde e o concelho continua a ter várias frentes ativas, que colocaram em risco aldeias, “algumas delas por onde o fogo até já tinha passado, mas que voltou a queimar o que não havia sido queimado”.
“Enfim, é o que temos”, desabafou.
De acordo com Jorge Custódio, o incêndio continua a ameaçar as aldeias do Esteiro, Porto de Vacas, Machialinho, Adurão, Carregal do Zêzere e Dornelas do Zêzere.
O fogo tem “uma extensão considerável” e já terá consumido cerca de sete mil hectares no concelho, segundo estimativas dos serviços municipais, avançou.
A estratégia para a noite repete-se, dia após dia: “Tentar, com a diminuição da temperatura e aumento da humidade, ter mais uma noite de combate para, enfim, novamente, reduzir o fogo”, disse.
O autarca referiu que, até ao momento, não tem conhecimento de casas de primeira habitação afetadas no concelho.
A Pampilhosa da Serra já tinha sido afetada por um outro fogo iniciado na Covilhã, em 10 de agosto e dado como dominado no dia 13, estando desde quarta-feira a braços com o grande incêndio que começou em Arganil, também no distrito de Coimbra, e que se estendeu aos distritos de Castelo Branco e Guarda.
“Estamos há uma semana e meia sem dormir”, lamentou Jorge Custódio.
Portugal continental tem sido afetado por múltiplos incêndios rurais desde julho, sobretudo nas regiões Norte e Centro, num contexto de temperaturas elevadas que motivou a declaração da situação de alerta desde 02 de agosto.
Os fogos provocaram dois mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, na maioria sem gravidade, e destruíram total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação, bem como explorações agrícolas e pecuárias e área florestal.
Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, ao abrigo do qual chegaram dois aviões Fire Boss para reforço do combate aos fogos.
Segundo dados oficiais provisórios, até hoje arderam mais de 201 mil hectares no país, mais do que a área ardida em todo o ano de 2024.