Portugal ativou o Mecanismo Europeu de Proteção Civil com pedido de apoio de quatro aviões Canadair de combate aos incêndios, anunciou hoje o comandante nacional da proteção civil, Mário Silvestre.
Num briefing na Autoridade Nacional de Proteção Civil, em Carnaxide, para dar conta da evolução dos incêndios que assolam o país, Mário Silvestre disse que Portugal será o sétimo país a ativar o mecanismo europeu.
O responsável explicou que as autoridades optaram inicialmente por recorrer aos acordos bilaterais de cooperação com Espanha e Marrocos, tendo este último país disponibilizado dois Canadair, que ficarão em Portugal até segunda-feira. Os meios espanhóis apoiaram nos combates aos fogos de Castelo de Vide e de Chaves, indicou.
Mário Silvestre justificou a ativação do mecanismo europeu de proteção civil com o facto de as condições climatéricas não terem permitido, durante a noite, uma janela de oportunidade para debelar alguns incêndios, ao contrário do que as autoridades esperavam, dando o exemplo do fogo da Lousã.
Sobre o incêndio em Satão/Trancoso, explicou que o fogo percorreu 30 quilómetros em três horas e que tem agora um perímetro de 208 quilómetros. No total, estimou que neste incêndio já tenham ardido 56.000 hectares.
O comandante nacional da proteção civil sublinhou ainda que foram registados durante a noite ventos a rondar os 70 Km/h.
Hoje, até às 11:00, foram registadas 24 ocorrências, 16 das quais durante a noite.
Nos seis incêndios que mais preocupam as autoridades estão mobilizados 2.850 operacionais, apoiados por 960 viaturas e 32 meios aéreos.
O comandante operacional informou ainda que foram criadas sete zonas de concentração e apoio às populações (duas em Sátão e cinco em Piodão) para garantir o acolhimento de todos os que tenham eventualmente de abandonar as suas casas e que contam com o apoio dos serviços municipais de proteção civil e da Cruz Vermelha.
Mário Silvestre disse que um bombeiro teve de ser assistido e dois transportados para unidades hospitalares. A proteção civil registou ainda um civil assistido e dois transportados para unidades hospitalares. Todos são considerados feridos leves.
O comandante nacional recordou que a situação de prontidão (nível 4) se mantém até dia 18 e a situação de alerta no país até dia 17 e revelou que foram ativados os Planos Distritais de Emergência em Viseu e Coimbra, assim como todos os planos municipais nestas regiões.
Reiterou que o dispositivo de operacionais no terreno está a fazer tudo para salvaguardar vidas e bens e apelou à população que respeite as indicações das autoridades, mantendo-se nas zonas interiores dos aglomerados urbanos, lembrando que alguns incêndios lavram com extrema violência.
Sobre as operações no terreno, disse que a taxa de eficácia no ataque inicial está acima dos 90% e sublinhou a capacidade de desmultiplicar recursos, justificando que foi a existência de recursos suficientes para o ataque inicial que permitiu que o fogo de Castelo de Vide esteja em resolução.
Questionado sobre casas de primeira habitação destruídas pelo fogo disse que, até então, não tinha qualquer indicação.
Já sobre o número de aldeias evacuadas o comandante nacional disse que a avaliação ainda está a ser feita pela pelos serviços municipais da proteção civil e pela GNR.