seis dias, aqui no Corta-fitas, escrevi que, a manterem-se as previsões meteorológicas, este início de semana seria agitado, do ponto de vista dos fogos.
Um tipo mediano, não especialista na matéria, usando informação comum e disponível gratuitamente para qualquer pessoa, consegue acertar frequentemente nas previsões sobre a situação relativa aos fogos, como qualquer pessoa consegue (desde que não se deixe influenciar pelos avisos da protecção civil que têm o risco máximo de incêndio tão baixo, que estão sempre a gritar “vem lobo!, vem lobo!”).
A razão para isso é simples, os fogos têm duas variáveis, a acumulação de combustíveis e a meterologia (dentro da meteorologia, essencialmente a humidade atmosférica e o vento) e, sabendo que a acumulação de combustíveis é um dado, basta, naturalmente, estar atento à humidade atmosférica e ao vento (como a humidade atmosférica está fortemente relacionada com a orientação do vento, praticamente basta ver a direcção e intensidade do vento, confirmando depois o resto, se se quiser).
Não podendo nós controlar a meteorologia, sobra o controlo dos combustíveis finos que deixou de ser feito pela economia.
Resumindo, o que temos de fazer é criar economia ou, preferencialmente, potenciar a economia que existe, para aumentar a área de gestão de combustíveis finos.
Pode-se pensar, e durante muito tempo era o que eu fazia, qual é a situação ideal para o controlo do fogo e tentar lá chegar, ou podemos deixarmo-nos de fantasias e partir da economia que realmente existe, para ganhar áreas de gestão de combustível e, dessa forma, ganhar maior controlo sobre o fogo.
O governo continuar a tomar decisões iguais a decisões anteriores e cujos resultados não foram os que se pretendiam, como esta tolice de andar a financiar centrais de biomassa, é uma opção ineficiente, o dinheiro vai desaparecer mas o problema não.
O Governo desenhar grandes programas de apoio, em que deixa de fora os agentes privados, é melhor, porque o programa não se executa, portanto os resultados são os mesmos, mas ao menos poupa-se algum dinheiro.
Já a Gulbenkian financiar oito associações (uma delas a Montis, sobre a qual acho que já nem preciso de fazer uma declaração de interesses) ambientais em que mais de metade fazem gestão concreta de terrenos, é um bom passo, no bom caminho, de trazer gestão para o mundo rural.
Tal como fico satisfeito com o protocolo entre a Real Associação de Lisboa e a Montis para gerir terrenos que estão ao abandono há algum tempo (no tempo do dono anterior, que os doou à Real Associação de Lisboa).
Mas do que o país precisa é mesmo que a sociedade se organize para pagar a gestão de combustíveis finos a quem a faz, não é de persistir na fantasia de que, por vontade do Estado, vai aparecer gestão onde ela hoje não existe porque não há gente interessada em a fazer.
O artigo foi publicado originalmente em Cora-fitas.