O PS pediu hoje a audição parlamentar do ministro da Agricultura sobre a “crise sem precedentes” que estão a viver os viticultores do Douro, questionando o primeiro-ministro sobre as promessas eleitorais que fez a estes 19 mil agricultores.
Numa declaração nos passos perdidos do parlamento, o deputado do PS Rui Santos alertou para o facto de o Douro estar a “viver uma crise sem precedentes”, o que motivou hoje motivou hoje “uma manifestação com centenas de agricultores na cidade do Peso da Régua”.
“Entregámos um projeto de resolução onde apontamos algumas propostas e algumas soluções para dar resposta ao estado de necessidade em que vivem esses agricultores e hoje mesmo entregámos um requerimento na Comissão de Agricultura e Pescas, solicitando a vinda ao parlamento do senhor ministro da Agricultura para com ele discutirmos, para com ele falarmos e sabermos que respostas tem para esta crise”, anunciou.
Rui Santos referiu que, em campanha eleitoral, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, “declarou que saberia apoiar esses agricultores” e reconheceu o problema.
“Face a esse reconhecimento, o Partido Socialista quer saber que respostas o senhor primeiro-ministro tem para dar a esses 19 mil vitivinicultores”, desafiou.
No projeto de resolução entregue, o PS recomenda ao Governo que crie urgentemente uma linha de apoio financeiro dirigida aos pequenos e médios agricultores da Região Demarcada do Douro para “mitigar os efeitos da atual crise no setor vitivinícola”.
Os socialistas querem ainda que seja feito um “estudo técnico-económico” para avaliar “a viabilidade da utilização exclusiva de aguardente obtida por destilação de vinhos do Douro na produção de Vinho do Porto, particularmente em anos com excesso de produção”.
“Reforce os mecanismos de fiscalização das importações de vinho e dote o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) dos meios financeiros e humanos necessários ao exercício eficaz das suas competências”, sugere o PS, que quer ainda que sejam suspensas as cativações financeiras ao IVDP.
Viticultores do Douro manifestaram-se hoje, no Peso da Régua, a poucas semanas de uma vindima que se perspetiva mais negra, para alertar para as dificuldades crescentes e a viabilidade da região demarcada.
“Queremos fazer ouvir bem alto a voz dos viticultores e das suas principais reivindicações, nomeadamente aquelas que se destinam a resolver de uma forma estrutural a crise que está instalada na Região Demarcada do Douro, nomeadamente a proibição da compra de uvas abaixo dos custos de produção”, afirmou à agência Lusa Vítor Rodrigues, dirigente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Os agricultores, segundo o responsável, “rejeitam também novos cortes no benefício”, ou seja, a quantidade de mosto que cada produtor pode destinar à produção de vinho do Porto.
O Ministério da Agricultura e Mar garantiu hoje que está a preparar soluções estruturais para “assegurar a sustentabilidade económica, social e ambiental” da Região Demarcada do Douro, que serão dirigidas “sobretudo aos pequenos produtores”.