Investigadores em Caxemira anunciaram ter desenvolvido o primeiro cordeiro geneticamente editado na Índia, através da inativação do gene myostatin. O animal apresenta um aumento de mais de 30% na massa muscular em apenas três meses, sem recorrer à introdução de ADN estranho. Este avanço abre caminho a uma nova era na genética pecuária indiana, permitindo aumentar a produção de carne sem comprometer a qualidade da lã.
Investigadores da Universidade de Ciências Agrícolas e Tecnologia Sher-e-Caxemira de Caxemira (SKUAST-Caxemira), liderados por Riyaz A. Shah, anunciaram ter produzido o primeiro cordeiro geneticamente editado em toda a Índia, marcando um marco histórico na biotecnologia animal. O espécime em questão, da raça local merino, apresenta um aumento de mais de 30% na massa muscular em comparação com animais não editados.
A modificação incide sobre o gene myostatin, responsável por inibir o crescimento muscular. Ao “inativar” esse gene, a equipa obteve um cordeiro cuja massa muscular se encontra substancialmente aumentada – uma característica naturalmente ausente nas raças ovinas indianas, mas presente em algumas raças europeias, como a Texel. “O cordeiro geneticamente editado não contém qualquer fragmento de ADN estranho; trata-se, inteiramente, de um animal merino adaptado localmente”, explicou Nazir Ahmad Ganai, reitor da SKUAST-Caxemira.
Segundo Ganai, o animal nasceu com um peso de parto similar ao de um cordeiro convencional, mas, aos três meses de idade, já apresentava, em média, 100 gramas a mais de peso vivo do que um homólogo não editado. “Em termos de lã, ambos os animais produzem, aproximadamente, entre 2 a 2,5 quilogramas”, esclareceu o reitor, “mas o cordeiro editado será mais pesado e renderá mais carne, sem comprometer a qualidade ou a quantidade de lã.”
“Ao inviabilizar o myostatin, conseguimos que a massa muscular se desenvolva de forma mais intensa e precoce. Este é um passo decisivo rumo a uma pecuária mais eficiente, capaz de aumentar a produção de carne sem recorrer à introdução de linhagens estrangeiras”, referiu Riyaz A. Shah, coordenador do projeto.
O Vice-Reitor enfatizou, ainda, que este “não é apenas o nascimento de um cordeiro, mas sim o nascimento de uma nova era na genética pecuária indiana”. Destacou, também, o papel crescente das tecnologias de ponta – como a biotecnologia e a inteligência artificial – na construção de uma bioeconomia sustentável para uma Índia desenvolvida. Instituições de prestígio, como a SKUAST-Caxemira, poderão vir a desempenhar um papel fulcral na garantia dos meios de subsistência, na segurança alimentar e na sustentabilidade das gerações vindouras.
Mais informações nos artigos publicados pelo Greater Kashmir e The Indian Express.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.