Um inquérito do Eurobarómetro revela que a grande maioria dos portugueses (88%) considera que o bem-estar dos animais de produção no País deve ser mais protegido do que é atualmente. O valor é superior à média europeia de 84%, mas nota-se um decréscimo de 6% face ao último inquérito promovido em 2015.
91% dos europeus e 94% dos portugueses consideram que as práticas de criação e reprodução devem satisfazer requisitos éticos básicos. Estes requisitos incluem dar aos animais espaço suficiente e alimentos e água em bastante quantidade, proporcionar-lhes ambientes adaptados às suas necessidades (lama, palha, etc.) e garantir que são manuseados de forma adequada.
Analisando as práticas agrícolas atuais, 60% dos portugueses pede que a criação de animais para a produção de peles deve ser estritamente banida na União Europeia (média europeia é de 57%).
Também mais de metade (53%) considera totalmente inaceitável que os pintainhos do sexo masculino não devem ser mortos, mesmo que isso possa resultar num aumento do preço dos ovos. De destacar nesta métrica, que 15% considera a prática totalmente aceitável, porque os animais de produção acabam eventualmente por ser mortos. O valor contrasta com os 5% da média europeia.
A limitação do tempo de viagem para o transporte de animais vivos (86%) e a melhoria do bem-estar dos animais nos matadouros através de mais controlo oficial, incluindo câmaras de vídeo (87%) foram outros tópicos reconhecidos como importantes para os portugueses. Apesar disso, é preciso ressalvar que, na melhoria do bem-estar dos animais nos matadouros, apenas 41% considerou-o muito importante, face aos 51% da média europeia.
Quanto às importações de alimentos de países terceiros, mais de oito em cada dez europeus (84%) e 80% dos portugueses são da opinião que a atual situação em matéria de bem-estar dos animais deve mudar, quer aplicando as regras da UE em matéria de bem-estar animal às importações de alimentos (62% dos europeus e 55% dos portugueses) quer rotulando os alimentos de acordo com as normas aplicadas (25% dos portugueses e 22% dos europeus).
Apesar de as entrevistas terem sido realizadas em março de 2023, quando os preços dos produtos alimentares eram já muito elevados devido à inflação, 60% dos europeus indicaram estar dispostos a pagar mais por produtos provenientes de sistemas agrícolas respeitadores do bem-estar dos animais. Portugal rompe aqui com a média europeia, com 71% a afirmar não estar preparado para pagar mais.
O inquérito Eurobarómetro Especial (n.º 533) foi realizado entre 2 e 26 de março de 2023. No total, foram entrevistados 26 376 inquiridos dos 27 Estados-Membros da UE e de diferentes grupos sociais e demográficos. Em Portugal, foram realizadas 1 002 entrevistas.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.