Ontem, dia 12 de Outubro, a Euronews apresentou uma imagem chocante de um menino ligado a vários aparelhos e que alegadamente em 2006 foi afetado durante a gravidez da mãe, devido ao facto desta usar o herbicida glifosato para eliminar as ervas daninhas do seu picadeiro.
O jornalista da Euronews acrescentou que, em Julho de 2023, nas conclusões do relatório da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) tinha-se considerado que o glifosato não apresentava uma “área crítica de preocupação”.
Com efeito, a Comissão Europeia encarregou a EFSA e as autoridades competentes de quatro Estados-Membros para procederem a uma aprofundada análise de risco do herbicida glifosato. Dezenas de cientistas, ao longo de três anos, procederam a um estudo aprofundado do herbicida em apreço. Como conclusões mais salientes, refira-se que não foram identificadas áreas críticas no que respeita ao impacto do glifosato na saúde dos humanos, dos animais e do ambiente.
A concluir, ontem a Euronews informou que os decisores políticos europeus iriam muito em breve proceder à votação respeitante à autorização do uso do herbicida em apreço.
É oportuno acrescentar que, em 30/01/2020, após rever a literatura científica sobre o assunto, a prestigiada entidade norte-americana denominada Environmental Protection Agency (EPA) – que tem por objetivo, designadamente, verificar se os produtos fitofarmacêuticos são seguros para a saúde humana e o ambiente, quando utilizados de acordo com as indicações do rótulo – considerou, uma vez mais, que (sic) «o glifosato não apresenta perigo para os humanos, apesar dos milhares de ações judiciais que atribuem o cancro ao Roundup». Na mesma data a EPA renovou a autorização para a comercialização do Roundup (primeiro herbicida a usar o glifosato), agora propriedade da Bayer. Cabe notar que as decisões de base científica emitidas pela EPA dispensam a intervenção dos decisores políticos. Acresce que, atualmente, há dezenas de fabricantes no mundo que sintetizam a molécula do mencionado herbicida e procedem à sua comercialização, usando, porém, diferentes adjuvantes.
Por outro lado, refira-se que a substituição dos herbicidas pela mobilização do solo com vista à eliminação das ervas daninhas contraria a boa prática da agricultura de conservação, no caso vertente favorecendo o decréscimo de teor orgânico dos solos, que constitui não só a base da fertilidade dos mesmos, mas também, conforme sublinha Hinsinger (2014), a matéria orgânica dos solos constitui o principal reservatório de carbono dos ecossistemas terrestres e, consequentemente, reduz os gases com efeito de estufa na atmosfera e assim contribui para mitigar as alterações climáticas.
Por último, nós europeus, temos de ter bem consciência que empresas de outras geografias estão a subsidiar muito generosamente ONGs europeias e celebridades com vista a serem criadas limitações à produção de alimentos na UE, a fim de abrir as portas às importações de países terceiros, para deste modo atrofiar a nossa produção agrícola e, consequentemente, não só desequilibrar a balança comercial agrícola como também diminuir a soberania alimentar europeia, para além de contribuir para a desertificação crescente dos campos europeus por falta de competitividade (estima-se que, só no domínio da produção animal, em 2022 o apoio concedido elevou-se 8 300 000€).