Agricultura, biodiversidade e recursos hídricos é a sexta conferência do ciclo Diversidade Biológica, Desertificação e Sustentabilidade organizado pelo Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa. A palestra de José Lima Santos, professor catedrático no Instituto Superior de Agronomia, pode ser vista esta terça-feira às 18.00 horas por Zoom.
A produção de alimentos para a humanidade é a maior causa da perda de biodiversidade?
A principal causa de perda de biodiversidade nos ecossistemas terrestres é, de facto, a destruição de habitats naturais pela expansão das terras agrícolas. Não é assim em alguns biomas, como, por exemplo, as zonas polares e os desertos, simplesmente porque aqui a expansão da agricultura não é viável por falta de calor ou água. Estas exceções apenas confirmam a regra. O crescimento populacional e as alterações das dietas, no sentido da maior incorporação de produtos de origem animal, são hoje os principais responsáveis pela expansão da área agrícola. O aumento da produtividade da terra agrícola, sobretudo na América do Norte e na Eurásia, tem ajudado a inverter esta tendência nalgumas regiões, podendo estar aqui uma solução para o problema.
Nos trópicos há mais espécies porquê?
Há duas explicações. Uma é ecológica. Nos trópicos, o clima quente e húmido permite maximizar a produção fotossintética – porta de entrada da energia nos ecossistemas. Mais energia permite ecossistemas mais complexos, como, por exemplo, a floresta tropical e o seu desdobramento em andares de vegetação, desde a copa das árvores mais altas até às folhas mortas que cobrem o chão. Esta complexidade permite que mais espécies aí convivam, sem se excluírem competitivamente umas às outras. A outra explicação é histórica. As regiões tropicais tiveram uma história de maior estabilidade climática, que permitiu que a sucessiva criação de novas espécies tenha aí continuado de forma ininterrupta, conduzindo a acumular mais espécies que nas regiões temperadas, onde esse processo foi sendo ciclicamente interrompido por épocas mais frias.
Como se explica a estranha relação de as zonas com maior biodiversidade serem também aquelas onde há mais fome?
Há mais espécies nos trópicos, pelas razões que acabo de explicar. Estas razões são mais antigas que a espécie humana. […]
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