Durante a campanha do tomate, a Sugal emprega cerca de mil trabalhadores. O Ministro da Economia fez uma visita guiada à fabrica de Benavente.
Depois de dois anos “não muito bons”, 2019 deverá voltar a dar frutos à Sugal. A empresa portuguesa de transformação de tomate, a segunda maior a nível mundial, prevê processar este ano 500 mil toneladas nas fábricas de Benavente e Azambuja. Juntando a produção das fábricas que detém em Espanha e no Chile, a empresa prevê chegar a 1,7 milhões de toneladas.
A poucas semanas do fim da campanha do tomate em Portugal, os responsáveis da empresa dizem-se satisfeitos com a colheita, e prometem que o fruto nacional voltará a conquistar o lugar ao sol que já lhe pertenceu.
“Já tivemos o melhor tomate do mundo, agora não temos”, declarou Miguel Cruz, COO global da empresa, durante uma visita guiada ao Ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, que teve lugar esta segunda-feira em Benavente.
O CEO da Sugal, João Ortigão Costa, explicou depois porquê. “Para sermos os melhores do mundo temos de estar constantemente a investigar e a inovar. Nos últimos anos, em termos agrícolas, houve outros países que fizeram esse trabalho melhor do que nós. Mas estou convencido que o foco dos nossos parceiros agrícolas está muito virado para a qualidade e a rentabilidade da agricultura. E portanto estou certo de que, nos próximos anos, vamos tornar-nos novamente nos campeões do mundo em qualidade e produção de tomate”.
O concentrado de tomate que sai das fábricas da Sugal é comprado por algumas das maiores empresas do mundo da área alimentar, como a Heinz, Dr. Oekter ou Unilever. Vai em forma de polpa, ketchup e até gaspacho. Os responsáveis não revelam quem são os maiores clientes, mas orgulham-se de ter um “top cinco de luxo”. Por cá, a empresa detém a marca Guloso. Quando a apanha começa, a Sugal já sabe quem vai ficar com o produto final daquele ano, sendo o tomate tratado à medida de cada cliente.
Este ano, adianta João Ortigão Costa, “a campanha está a ser muito boa em termos de qualidade e quantidade, e se o tempo se mantiver bom até ao final de setembro, esta será uma campanha recorde em termos de rendimento”, apesar de não se esperar o mesmo no que toca à produção. A capacidade máxima das cinco fábricas da Sugal chega a 2,4 milhões de toneladas. O equivalente a cerca de 5% da produção mundial.
Durante a campanha, que arrancou em julho, a empresa emprega em Portugal cerca de mil trabalhadores. Nos restantes meses do ano mantêm-se cerca de 250. Com as duas fábricas que detém no Chile, a Sugal consegue ser a única empresa do mundo a completar duas campanhas de tomate, uma no hemisfério norte, em Portugal e Espanha, e outra abaixo do Equador. O Chile concentra, aliás, 60% da produção total.
A empresa espera chegar ao final do ano com uma faturação a rondar os 280 milhões de euros e exportações para 70 países. Números que, para Pedro Siza Vieira, devem servir de “lição” ao tecido empresarial português.
“É uma empresa que nos últimos dez anos praticamente triplicou a sua faturação, investindo em coisas muito importantes para Portugal como um todo, como a aposta na internacionalização, com a aquisição de investimento no exterior”, sublinhou o Ministro da Economia.
De visita a uma empresa que nasceu em 1957, na Azambuja, e se mantém na mesma família, estando nas mãos da terceira geração, Siza Vieira destacou a “aposta nas pessoas” como o “fator de diferenciação mais significativo” da Sugal. “Uma das coisas mais importantes no nosso tecido empresarial é as gerações saberem suceder-se com sucesso, mantendo o foco estratégico e fazendo crescer o negócio”.
Numa altura em que se multiplicam os novos investimentos e crescem as exportações do setor agroalimentar, o Ministro da Economia vê noutros produtos, como o azeite, a fruta ou vinho, a possibilidade de virem a afirmar-se também como líderes globais.
“O azeite é um caso muito significativo de crescimento da produção, de capacidade exportadora e do surgimento de empresas com presença forte nos mercados internacionais. A fruta e o vinho têm tido nos últimos 10 anos um percurso de transformação e afirmação internacional, com uma crescente identificação entre a marca Portugal e a qualidade dos produtos que daqui saem”.
Apesar de ter produção própria, a Sugal compra tomate a cerca de 120 produtores do Ribatejo. Uma das metas que a empresa reserva para os próximos anos é garantir a 100% o transporte próprio da mercadoria, já que hoje, em Portugal, só o faz para 40% do tomate. No que toca a investimentos futuros, as responsáveis destacam apenas que se mantêm “atentos ao que se passa no mercado”, não estando afastada a aposta noutra geografia. “Nunca estamos satisfeitos”, remata Miguel Cruz.