UE quer voltar a liderar a ação climática com um novo Pacto Verde Europeu. Para o diretor para o Capital Natural na Direção-geral do Ambiente da Comissão Europeia, o português Humberto Rosa, “este pacto é o reconhecimento efetivo dos grandes problemas ambientais, desde logo as alterações climáticas, mas também a degradação dos territórios, das florestas e dos oceanos”. Mas para os ambientalistas, ainda é apenas um conjunto de boas intenções
Partindo do princípio que “os custos da transição serão grandes, mas que os custos da não ação serão ainda maiores”, a Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen apresentou esta tarde, em Bruxelas, o novo Pacto Verde Europeu, em Bruxelas.
“Este pacto é o reconhecimento efetivo dos grandes problemas ambientais, desde logo as alterações climáticas, mas também a degradação dos territórios, das florestas e dos oceanos”, afirma Humbero Rosa, responsável pelo Capital Natural na Direção-Geral de Ambiente da Comissão Europeia, ao Expresso. Para o ex-ministro do Ambiente português, o também chamado Pacto Ecológico “está bem alinhado com o estado do ambiente da Europa”, recentemente divulgado, e aborda todos os sectores da agricultura às pescas, passando pela energia ou pelo sistema financeiro. Mas assume que ainda “há muito a desenvolver”.
Von der Leyen afirmou que este é “o verdadeiro plano económico” para melhorar o bem estar das pessoas, tornar a Europa neutra em carbono e proteger os habitats naturais.
O diagnóstico feito até agora pelas autoridades científicas europeias identifica que atualmente cerca de 400 mil pessoas morrem prematuramente na Europa devido à poluição do ar e que estes números vão aumentar. Também diz que 16% das espécies de animais e plantas estão em risco de extinção se as temperaturas subirem 4,3 graus Celsius, como projetado pelos cientistas para o pior cenário.
Segundo Humberto Rosa, o novo Pacto Ecológico deixa claro que “deve haver uma mudança sistémica e que vão ser aprovadas metas muito ambiciosas para vários sectores, nomeadamente para a desintensificação da agricultura”. Entre as medidas delineadas apontam-se o uso de menos pesticidas sintéticos, comida mais saudável ou melhores transportes públicos e uma mobilidade mais elétrica, assente em energias renováveis.
Para atingir a neutralidade carbónica em 2050, a UE pretende reduzir as suas emissões entre 50 e 55% até 2030. “Mas para que ninguém fique para trás aposta em mecanismos de transição justa”, diz Humberto Rosa, reforçando ainda a ideia de que “a União Europeia quer liderar o caminho não só a nível das questões climáticas, como da sustentabilidade ambiental em geral e da biodiversidade”
Para pôr em marcha este pacto ecológico, que ainda irá a conselho europeu, a UE contará com um fundo de 100 mil milhões de euros. Mas para já, o Pacto Verde Europeu ainda é só uma declaração de boas intenções. Já o reforço das contribuições da União Europeia para refrear as alterações climáticas e impedir que as temperaturas médias subam mais de 1,5 graus Celsius ficam adiados para apresentação na COP26, em 2020, em Glasgow.
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