Começar o dia com um pão branco embalado, seguir na manhã com umas bolachas de chocolate, almoçar uma pizza congelada, lanchar uma barrinha de cereais e rematar com uma refeição pré-congelada, aquecida no micro-ondas. Há dias assim, demasiados, em que a pressa ou a falta de paciência para cozinhar nos afastam da comida real, fresca, confecionada em casa, num equilíbrio perfeito entre proteínas, vegetais, frutas e cereais integrais.
Nesses dias, a consciência pode pesar-nos, sabendo que estamos a agredir o organismo e a abrir caminho para algumas doenças que conhecem a sua origem numa alimentação deficiente, à base de produtos ultraprocessados, carregados de gordura, açúcar e aditivos, como é o caso da diabetes, obesidade, das patologias cardiovasculares, da síndrome metabólica ou de alguns tipos de cancro. Não confundir com alimentos processados, como queijo ou iogurtes.
Nada disto é novo, mas nunca parece de mais repeti-lo. E o assunto entra aqui a propósito de um estudo publicado no JAMA Neurology que foi mais além do que já se conhecia. Na realidade, dizem os seus autores, basear a alimentação em comida que não é bem comida – definem-na como “formulações industriais de substâncias alimentares (óleos, gorduras, açúcares, amido e isolados de proteínas) que contêm pouco ou nenhum alimento completo e normalmente incluem aromatizantes, corantes, emulsionantes e outros aditivos alimentares” – não afeta apenas o nosso bem-estar físico, mas também o mental.
A investigação no terreno durou nove anos e recaiu sobre mais de 10 mil funcionários públicos, com idades entre os 35 e os 74 anos, provenientes de seis cidades brasileiras. Concluiu que, se mais de 20% da ingestão diária de energia, algo como 400 calorias numa dieta […]