A Unique Flavours nasceu, “paradoxalmente”, uns meses antes de declarada a pandemia da Covid-19 e a maior crise sanitária e económica deste século. Foi, porém, durante o estado de emergência em Portugal e o período de confinamento que se lhe seguiu que esta mercearia ‘online’ emergiu com maior visibilidade para responder ao escoamento e fornecimento de produtos alimentares.
Nuno Brito, um dos fundadores, docente da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo e que já foi secretário de Estado da Alimentação e da Investigação Agroalimentar, fala à “Vida Económica” do projeto. “O principal objetivo é a referência deste ‘marketplace’ como local de promoção e comercialização de produtos portugueses de qualidade, a nível nacional e internacional”, diz. O próximo passo é ganhar “maior presença nos mercados internacionais”.
Vida Económica – Quantas marcas e/ou empresas estão representadas e que tipo de produtos?
Nuno Brito – Neste momento, e iniciamos há cerca de cinco meses, temos mais de 33 marcas a trabalhar com o nosso site, distribuídas por várias categorias, tais como: azeites, vinagres, águas, vinho, cerveja, infusões, chá, chocolates, conservas, compotas, fumeiros, queijos, pastelaria, bolachas, molhos e condimentos. As marcas de referência são consideradas parceiras e aderiram com muito interesse ao projeto, mesmo antes deste período que deu maior relevância ao comércio eletrónico.
VE – Todas empresas/marcas que representam são do agroalimentar? E admitem diversificar ou o foco é mesmo o agroalimentar?
NB – Sim, o planeamento foi focado para o setor agroalimentar e é nosso objetivo sermos distinguidos nesta área. Obtivemos, aliás, a distinção de melhor portal E-Commerce do AgroAlimentar pela AgroCluster. E, para já, iremos continuar a investir neste setor. Estamos a desenvolver parcerias – como 100% Alto Minho [criada no âmbito do projeto Alto Minho Km0 promovido pela CEVAL] e lojas regionais – e outras de âmbito mais alargado, mas pretendemos que a nossa diferenciação e reconhecimento sejam no agroalimentar.
VE – Garantem entregas em 24 horas, certo? Em todo o país, incluindo regiões autónomas?
NB – Monitorizamos as nossas entregas e, mesmo neste período mais complicado, cumprimos a proposta das 24 horas no continente. De momento, para as regiões autónomas existe essa intenção, mas comprometemo-nos com um período mais largo, referindo que o objetivo é garantir as 24 horas. Disponibilizamos ainda um serviço de entrega no mesmo dia em determinadas zonas do país e em encomendas feitas até determinada hora.
VE – Onde estão baseados? Onde são centralizados os produtos para expedição?
NB – O nosso centro logístico opera desde Braga, estando os serviços administrativos sedeados em Matosinhos.
VE – E que grandes objetivos pretendem atingir?
NB – O principal objetivo é a referência deste ‘marketplace’ como local de promoção e comercialização de produtos portugueses de qualidade, a nível nacional e internacional, com elevada eficiência de serviço e satisfação dos consumidores. Paralelemente, pretendemos alargar as parcerias, seja de forma regional, reduzindo os estrangulamentos locais e regionais, nacional, e, até, internacional. Acessoriamente, notoriedade pela qualidade e história dos produtos que apresentamos e, ao divulgar a marca, divulgamos os produtos nacionais. Neste momento, os objetivos de curto prazo passam por chegar cada vez mais ao consumidor final e aprofundar a divulgação da marca.
VE – Que volume de negócios esperam atingir?
NB – Iniciámos há relativamente pouco tempo, mas o crescimento tem sido superior a 300% e com cada vez mais visualizações. Obviamente que gostaríamos de manter este ritmo e atingir ao fim de seis meses as 300 encomendas mensais e, neste primeiro ano, um volume de negócios superior aos 250 mil euros. Neste primeiro momento, esperamos atingir cerca de 100 mil euros.
VE – Para além do território nacional, a internacionalização é possível? O mercado da saudade? Outras geografias? Para quando e com que produtos?
NB – A internacionalização é um objetivo. E, de forma mais pontual, já enviámos encomendas para o Reino Unido, Dinamarca e França. Estamos a falar de alguns clientes de origem portuguesa, reforçando o interesse do mercado da saudade e a falar também de outros turistas que visitaram Portugal. O primeiro ponto foi – e é – afirmar-nos a nível nacional. Mas, ainda este ano, de forma estruturada, iremos ter maior presença nos mercados internacionais, mesmo nos não UE, tendo em consideração as limitações regulamentares específicas.
VE – Qual é o montante financeiro associado a este projeto? É apoiado por fundos europeus?
NB – Não tivemos até ao momento nenhum apoio ao projeto, mas consideramos essa hipótese, até pelo objetivo de internacionalizar. O negócio tem sido construído através de fundos próprios, com um investimento aproximado de 450 mil euros no primeiro ano.
TERESA SILVEIRA [email protected], 10/07/2020
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