A ONU disse hoje que ainda decorrem as conversações sobre o acordo internacional de exportação de cereais da Ucrânia, cuja continuidade para além de sábado parece incerta devido a desacordos entre Moscovo e Kiev sobre a renovação do protocolo.
“As discussões estão em curso”, disse a porta-voz da ONU em Genebra, Alessandra Vellucci, numa conferência de imprensa.
“Existe um acordo, é público (…). O acordo prevê a renovação por 120 dias. As discussões estão em curso e não vamos especular sobre o que vai acontecer”, afirmou Vellucci.
A porta-voz da ONU indicou que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, está envolvido nas conversações em curso.
“Estamos empenhados a todos os níveis, sim. Esta é uma iniciativa do secretário-geral, mas outros altos funcionários da ONU também estão envolvidos. Todos estão mobilizados nesta importante questão”, disse Alessandra Vellucci.
E insistiu: “Estamos todos envolvidos nas discussões e queremos garantir a integridade e continuidade deste acordo”.
No início da semana, as Nações Unidas sublinharam que a Iniciativa dos Cereais do Mar Negro, que permitiu aliviar a crise alimentar mundial desencadeada pela ofensiva militar russa na Ucrânia, deveria ser prolongada para além de 18 de março (data em que devia ser formalizada a renovação pelas duas partes por mais de 120 dias), mesmo que a Rússia reivindique agora uma renovação por 60 dias.
Moscovo está a reivindicar o cumprimento de um segundo acordo em paralelo para facilitar as suas exportações de fertilizantes, que, segundo as autoridades russas, não estão a ser tão bem-sucedidas como as exportações dos cereais ucranianos, devido ao bloqueio dos aliados ocidentais de Kiev.
A Ucrânia acusou a Rússia de “contrariar” a Iniciativa dos Cereais do Mar Negro lançando novamente as negociações para Ancara e as Nações Unidas, que foram os mediadores do acordo firmado em julho de 2022 em Istambul.
Alessandra Vellucci enfatizou que cabe aos países entrarem em acordo.
“No que toca à ONU, como sabem, não somos um dos três signatários do acordo. As três partes do acordo são os Estados-Membros [Rússia, Ucrânia e Turquia] e as Nações Unidas são testemunhas deste pacto”, afirmou a porta-voz.
O acordo prevê nas suas disposições a “prorrogação automática pelo mesmo período [de 120 dias], salvo se uma das partes notificar a outra da sua intenção de a denunciar ou modificar”.
Desde segunda-feira, a ONU diz que está a fazer tudo para salvar o mecanismo que permitiu distribuir dezenas de milhões de toneladas de cereais nos mercados mundiais.