Cerca de 75% das mulheres da África Subsaariana trabalham no setor agroalimentar, sendo subvalorizadas e pouco reconhecidas, segundo um estudo divulgado hoje pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
O estudo “A Situação das Mulheres nos Setores Agroalimentares da África Subsaariana” identificou que três mulheres em cada quatro trabalha no setor, sendo que a presença feminina em áreas não agrícolas, como a produção, o consumo e o embalamento, está a aumentar em toda a região.
No relatório, a FAO alerta para “a tendência das mulheres para se concentrarem em funções estreitamente relacionadas com o trabalho doméstico e reprodutivo”, acrescentando que o trabalho das mulheres continua “a ser, em grande medida, subvalorizado e pouco reconhecido”.
O diretor-geral adjunto da FAO e representante regional para África, Abebe Haile-Gabriel, afirmou que “os setores agroalimentares em toda a África Subsaariana baseiam-se no trabalho informal, doméstico e de subsistência das mulheres”.
As mulheres enfrentam desigualdade em relação aos homens em diferentes aspetos, o que faz com que, por exemplo, tenham menos probabilidades de terem terras em 28 dos 33 países subsaarianos.
Além disso, cerca de 64% da população sofria de insegurança alimentar moderada ou grave em 2024, com 11,2 milhões de mulheres a mais do que homens a serem afetadas.
Na África Subsaariana quase 40% das mulheres com idades compreendidas entre os 15 e 49 anos sofrem de anemia, refere-se no estudo.
A especialista do Instituto de Recursos Naturais da Universidade de Greenwich (NRI, na sigla em inglês), Lora Forsythe, apresentou várias soluções, como “a ação coletiva em favor dos direitos das mulheres sobre a terra, a luta contra a violência de género e a liderança nos movimentos agroecológicos e na governança dos recursos naturais”, melhorando assim “os meios de subsistência e o bem-estar das mulheres”.
Já Abebe Haile-Gabriel afirmou que “são necessários investimentos e políticas propícias para criar mais empregos formais e remunerados para as mulheres, e defendeu que os programas de proteção social devem ser ampliados para salvaguardar os meios de subsistência das mulheres”.