Marcelo Rebelo de Sousa falava numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo angolano, João Lourenço, com quem se reuniu, no palácio presidencial, em Luanda, no primeiro dia da sua visita de Estado a Angola.
“Tudo isto só foi possível fazer – sabe-o quem conhece a diplomacia e a política – porque houve uma fortíssima vontade política, porque houve um espírito de parceria, houve o elevar o nosso relacionamento a uma parceria estratégica. Já não é só amizade, já não é só cooperação, é parceria”, afirmou, na sua intervenção inicial.
Na fase de perguntas da comunicação social, o chefe de Estado português classificou como “excelentes” as atuais relações entre Portugal e Angola, no plano bilateral e multilateral, “uma classificação de topo”.
“Nós vivemos num mundo imponderável e, por isso, é que esta parceria é tão importante. Porque é bom num mundo imponderável e imprevisível, que haja pilares seguros, que haja uma parceria estratégica segura. E esta é uma parceria estratégica segura, para enfrentar todos os imponderáveis da vida económica, social, financeira e política mundial”, acrescentou.
Antes desta conferência de imprensa, o Presidente português foi condecorado pelo seu homólogo com a Ordem Agostinho Neto e houve uma cerimónia em que foram assinados onze instrumentos de cooperação entre Portugal e Angola.
Nas declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou a “vontade política de resolver problemas” manifestada pelas duas partes, “que se traduziu em três visitas em seis meses”, primeiro, a visita do primeiro-ministro português, António Costa, a Angola, em setembro, depois a visita de Estado de João Lourenço a Portugal, em novembro, e agora esta sua visita de Estado.
O chefe de Estado português realçou a abrangência dos acordos bilaterais assinados neste período e a preocupação com a sua execução: “Acelerar a ratificação da convenção sobre dupla tributação de rendimentos de trabalhadores e de empresários, começar já hoje a aplicar o que diz respeito ao investimento, nomeadamente de pequenas e médias empresas. Isto é, não deixar que os acordos, as convenções, os protocolos ficassem no papel, mas que passassem à prática”.
“E acompanhá-los num esforço em domínios muito sensíveis: o relacionamento das empresas com o Estado em termos financeiros até à agricultura, passando pela formação de professores ou pela cooperação sanitária, chegando à segurança social, tão importante para trabalhadores angolanos e portugueses”, prosseguiu.
Interrogado sobre o aniversário do Presidente de Angola, que fez 65 anos na terça-feira, Marcelo Rebelo de Sousa congratulou-se com o convite para estar presente e testemunhar esse “momento muito pessoal” e revelou que ofereceu a João Lourenço um álbum com fotografias da sua “visita histórica” a Portugal e “uma garrafa personalizada” de vinho do Porto.
Sobre o acolhimento de emigrantes angolanos em Portugal, disse que esse “não é um ponto de discórdia”, pelo contrário, é consensual e “corresponde a uma maneira de viver, de sentir dos portugueses”.