“A inflação alimentar não está a ser criada pela distribuição”, insiste a Sonae, apontando para a margem de lucro do Continente que foi de 2,7 cêntimos por cada euro faturado. Grupo liderado por Cláudia Azevedo alerta que fixar preços pode vir a esvaziar prateleiras.
A Sonae “repudia” as acusações de que “está a especular” os preços em prejuízo dos consumidores, garantindo que “suportou parte da pressão inflacionista à custa da sua própria rentabilidade”, o que levou à erosão da margem de lucro da rede de hipermercados Continente para 2,7%.
“As nossas margens desceram para darmos resposta às famílias portuguesas”, afirmou a CEO do grupo, Cláudia Azevedo (na foto), na abertura da conferência de imprensa de apresentação dos resultados de 2022, sinalizando que essa tem sido, aliás, a postura, que descreve como “responsável”, de todos os intervenientes da cadeia de valor, desde a produção à indústria transformadora até à distribuição.
“Toda a gente está a reduzir a sua margem”, disse a empresária, sublinhando que uma inflação alimentar acima de 20% “é um assunto muito sério” que merece atenção por parte do Governo.
Numa altura em que os holofotes têm estado voltados para os lucros da grande distribuição no sentido de perceber se são a causa da escalada dos preços dos bens alimentares a Sonae aproveitou para rejeitar acusações “sem aderência na realidade”.
“A inflação alimentar não está a ser criada pela distribuição. Repudiamos estar a especular para prejudicar os consumidores”, afirmou o administrador financeiro da Sonae, João Dolores, apontando que, em Portugal, como no resto do mundo, o retalho alimentar é uma indústria de escala e que, portanto, vive de volumes elevados e margens reduzidas e que, portanto, é falsa a ideia de que tem margens altíssimas que têm subido à boleia da inflação.
João Dolores sustentou que as causas da inflação “estão bem identificadas” resultando de “um contexto muito adverso para os produtores” face à “enorme pressão de custos”, desde a energia (gás e eletricidade), aos fertilizantes até aos cereais e sementes, “matérias-primas muito importantes”, agravada por quebras na produção, relacionadas com “causas naturais”, tanto na agricultura […]
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