Relatório divulgado esta quarta-feira mostra que União Europeia foi, em 2017, responsável por 16% da desflorestação associada ao comércio internacional. Em Portugal, o consumo per capita deste tipo de produtos não coloca o país num lugar muito confortável.
Soja, óleo de palma e carne – são estes os três produtos importados pela União Europeia (UE) que mais contribuem para que este espaço continue a ter uma elevada responsabilidade na degradação e desflorestação de ecossistemas vitais, tais como as florestas tropicais, as zonas húmidas ou savanas. Numa altura em que está a ser preparada legislação para combater a desflorestação directamente ligada ao consumo no espaço europeu, a WWF (World Wild Fund for Nature) apresenta um relatório que mostra que, em 2017, a UE foi responsável por 16% da desflorestação associada ao comércio internacional, sendo ultrapassada apenas pela China (24%). Portugal aparece como o 6.º Estado-membro com maior consumo per capita associado à desflorestação relacionada com o comércio internacional.
Os dados sobre Portugal dizem respeito ao período analisado no relatório Em Crescimento? O Impacto Continuado do Consumo da UE na Natureza a Nível Global, e que vai de 2005 a 2017. Nesse período, segundo a WWF, o nosso país foi responsável pela perda de sete metros quadrados de floresta por ano, quando se olha para o consumo per capita, e pela destruição de 7200 hectares por ano, relacionada com a importação global de produtos.
Não é um lugar confortável, embora esteja bastante longe dos oito Estados-membros que, pela sua dimensão (e, em alguns casos, a importância dos seus portos), foram responsáveis por 80% da floresta perdida à custa da importação de bens – Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido [ainda incluído nestes dados porque fazia parte da UE no período analisado], Países Baixos, França, Bélgica e Polónia.
Como se explica que os números per capita sejam pouco lisonjeiros para o país, apesar de não sermos mais de 10 milhões de habitantes? Rui Barreira, especialista na área das florestas na ANP/WWF, aponta dois factores que pesam nesse resultado: “Por causa do turismo, em determinadas alturas do