O setor florestal moçambicano contribui atualmente com menos de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), gerando cerca de 22 mil empregos, mas enfrenta precariedade laboral que compromete a dignidade do trabalho nas zonas rurais, alertou hoje o Governo.
“Já tivemos números muito mais elevados”, lamentou Francisco Salmo, diretor nacional de Ambiente e Mudanças Climáticas, ao apresentar a dimensão do setor durante o lançamento, em Maputo, do projeto de revitalização das associações florestais moçambicanas.
Ao intervir em representação do Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas, o responsável disse que a maioria dos postos de trabalho nas cadeias de valor florestal está concentrada em zonas rurais de difícil acesso e caracteriza-se pela informalidade, ausência de contratos e insegurança laboral.
“A precariedade laboral que caracteriza a maioria destes postos de trabalho reclama imperiosamente por reforço da formalização contratual, das garantias de segurança laboral e da dignificação das condições de trabalho normalmente em zonas rurais de acesso difícil”, frisou.
O Governo defende uma aposta firme na transformação local dos recursos naturais como forma de criar emprego e dinamizar as economias comunitárias.
“Infelizmente, uma parte dos nossos recursos naturais tem sido exportados de forma bruta, e isso limita, de facto, a criação de postos de emprego, limita o desenvolvimento das localidades e, acima de tudo, o valor desses produtos acaba sendo muito baixo”, lamentou.
O projeto de revitalização das associações florestais moçambicanas, hoje apresentando, financiado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e promovido pela Federação Moçambicana de Operadores de Madeira (Fedemoma), visa capacitar associações florestais em Manica, Sofala e Niassa, no centro e norte do país, para garantir uma exploração sustentável, respeitando normas laborais e ambientais.
“Queremos transformar o setor florestal num exemplo de boa gestão, desenvolvimento local e preservação ambiental”, disse Jorge Chacate, presidente da Fedemona.
Sublinhou igualmente a importância da recente revisão da lei florestal, permitindo a valorização de produtos florestais não madeireiros, a incorporação das mudanças climáticas na política florestal e o objetivo do aumento da contribuição do setor florestal no PIB, de 2 para 4%.