Secretário de Estado da Agricultura destacou a prioridade de valorizar e reposicionar a agricultura com a importância que merece e a necessidade de implementar uma estratégia nacional que resolva as condicionantes hídricas
Presidente da Câmara de Odemira defende que só com conhecimento e em conjunto será possível vencer os desafios da disponibilidade de água no território
Reveja o 6º Colóquio Hortofrutícola em: https://www.youtube.com/live/FQodktFItqE
A Lusomorango – Organização de Produtores de Pequenos Frutos, em colaboração com a Universidade Católica Portuguesa, realizou hoje o 6º Colóquio Hortofrutícola, uma iniciativa inserida no programa “Visão Estratégica para o Agroalimentar – Conhecer para Decidir, Planear para Agir” que reuniu, em Odemira, um conjunto de especialistas, da esfera política, empresarial e académica, numa manhã que tem como objetivo refletir e produzir conhecimento para um setor agroalimentar nacional mais sustentável, inovador e competitivo.
Dedicado ao tema “Novas Fontes de Água: Soluções estruturais para um futuro sustentável”, o Colóquio teve como objetivo constituir uma plataforma de reflexão, debate e apresentação de soluções inovadoras em torno de novas fontes de água que assegurem a disponibilidade deste recurso vital à produção de alimentos no futuro próximo.
João Moura, Secretário de Estado da Agricultura, sinalizou que “a Lusomorango é um exemplo de exportação e que desta região (Odemira) saem os melhores produtos deste setor”, acreditando que “ganhando cada vez mais escala poderemos amplificar mais a internacionalização e estamos empenhados nesse pressuposto de conquistar mais mercados. Para que este crescimento aconteça, o Secretário de Estado afirmou o compromisso do Governo de “simplificar os processos para que comecem a avançar os projetos no terreno”, afirmado que “diagnóstico sobre as condicionantes hídricas está feito, está na hora de avançar e implementar”. A água é um recurso crítico e “sem água, não há agricultura e o país sem agricultura é garantidamente mais fraco. Importa valorizar e reposicionar a agricultura com importância que merece e implementar uma estratégia nacional que resolva as condicionantes hídricas “, conclui o governante.
Loïc Oliveira, presidente do conselho de administração da Lusomorango, sublinhou que “para que a agricultura tenha futuro em Odemira é urgente concretizar. Concretizar o que já está aprovado e que ainda não avançou. Concretizar os projetos de modernização previstos e com financiamento aprovado pelo PDR2020 e com a pressurização de todo o perímetro de rega em especial do Bloco Norte. Concretizar a construção da nova Estação Elevatória na Barragem de Santa Clara, investimento também com financiamento do PDR2020 aprovado, mas que aguarda aprovação da Declaração de Relevante Interesse Público pela Assembleia Municipal de Odemira. Estas são verbas aprovadas que, se não forem realizadas, se perderão, como continuam a perder-se mais de 40% da água que sai da barragem de Santa Clara. Por outro lado, o território necessita de uma nova fonte de água complementar à Barragem de Santa Clara. Uma nova fonte de água que pode passar pela ligação da Barragem de Santa Clara ao Alqueva (via Monte da Rocha) integrada no projeto nacional do governo, “Água que Une”, ou pela instalação de uma dessalinizadora que sirva o território. Estas são as necessidades. Hoje, neste colóquio, esperamos que o debate e a reflexão contribuam para que as ações que as resolverão aconteçam.
Hélder Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de Odemira, saudou “a Lusomorango pela realização deste estudo sobre a possibilidade da ligação de Alqueva a Santa Clara, que representa um momento muito importante para que, a partir desta produção de conhecimento, possamos todos definir um caminho que queremos, e lutar por esse caminho todos juntos, que é a única forma como conseguiremos ganhar esta luta.”
Gonçalo Santos Andrade, Vice-Presidente da CAP – Agricultores de Portugal, afirmou que “a CAP acredita no enorme potencial desta região do país e principalmente na enorme capacidade dos nossos agricultores que mantêm aqui a sua atividade. Há que aproveitar as condições de excelência para produção que temos no AHM. O governo precisa de começar a construir as reservas de água necessárias e modernizar as existentes com o programa “Água que Une” e a rede de interligação de água no país. O AHM tem de fazer parte deste projeto e há que assegurar a execução das obras previstas e com financiamento aprovado. Temos que ser ambiciosos e aproveitar o potencial de área do AHM para contribuirmos cada vez mais para a Economia nacional e para a criação de postos de trabalho”.
No painel dedicado ao “Retrato de Odemira: impacto da atividade agrícola hoje e o futuro do território sem a gestão de água necessária”, Vasco Malta, Chefe de Missão da Organização Internacional para as Migrações (OIM) Portugal, destacou ser “é aceite que a agricultura e o turismo, são pilares fundamentais aqui na economia de Odemira, porque proporcionam empregos e estabilidade económica aqui à região. Os trabalhadores estrangeiros desempenham aqui um papel fundamental nestas indústrias porque eles e elas vão preencher lacunas que existem no mercado de trabalho que a população local simplesmente não consegue preencher ou não o quer.” Por outro lado, Ricardo Reis, do Centro de Estudos da Universidade Católica, destacou que “os estudos que temos feito sobre a região sobre o que aconteceria se não houvesse agricultura no território, o que concluímos é que seria o abandono. O abandono de pessoas, primeiro das que vieram para trabalhar e depois a própria população nativa, que tem desapareceu nos anos em que não houve investimento e que não houve atividade. Numa altura de fortes alterações climáticas, aquilo que acontece a seguir ao abandono humano, é o abandono climático e a verdadeira desertificação”.
Miguel Miranda, Ex-Presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, com a apresentação “A Água que alimenta”, salientou a importância que “é preciso que a mudança europeia que começou a sentir-se nos últimos tempos seja aplicada também a nível nacional. Resolver o problema da água é o mais simples de resolver. Ninguém tem dúvidas que não é possível viver sem água doce. Tudo o que seja possível fazer para aumentar a iniciativa, incluindo a privada, para aumentar a disponibilidade de água deve ser bem-vindo. A necessidade não se esgota na eficiência. Não há razão nenhuma que justifique que não se invista no armazenamento de água. É preciso ter uma ação musculada, mais intensa e mais rápida porque a situação do ponto de vista climático e meteorológico não é positiva. A aceleração do aquecimento não tem mostrado qualquer tendência de redução, pelo contrário.”
Após as apresentações dos estudos sobre as “Novas fontes de água para o território?”, que incluíram a “Apresentação do Estudo sobre solução de interligação entre Alqueva-Santa Clara”, pelo consultor Jorge Froes, e o “Ponto situação : Apresentação do Estudo “ÁGUA DO ATLÂNTICO PARA O SUDOESTE ALENTEJANO: Dessalinização de água do mar à região do Perímetro de Rega do Mira”, pelo consultor Miguel Sousa Prado, teve início o debate sobre “Água, o futuro necessário hoje e as soluções estruturais que servirão todos”.
Numa manhã com um vasto auditório que reuniu mais de 120 pessoas – e que contou ainda com a participação de José Pedro Salema, Presidente do Conselho de Administração da EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, Pedro Valadas Monteiro Vice-presidente da CCDR Algarve, Luis Mesquita Dias, Presidente da AHSA – Associação Horticultores, Fruticultores e Floricultores de Odemira e Aljezur e Mário Steta, Diretor de Operações Driscoll’s EMEA no debate “Água, o futuro necessário hoje e as soluções estruturais que servirão todos” – o 6º Colóquio analisou soluções concretas e abordar os desafios e oportunidades locais de Odemira em relação à gestão e disponibilidade do recurso água enquanto pilar fundamental da sustentabilidade e desenvolvimento de empresas, pessoas e do território.
Fonte: Lusomorango