Elegante e inesquecível são alguns adjetivos usados para traduzir os vinhos produzidos na região do Dão, ao centro-norte de Portugal. Reconhecidos internacionalmente pela combinação de sabores e aromas, seus rótulos integram rankings e premiações da mídia especializada. Chegou a hora de o público brasileiro conhecer um pouco mais o produto desta que foi uma das primeiras regiões demarcadas de vinhos de mesa em Portugal.
A região é o berço das castas mais emblemáticas de vinho lusitano: a uva Touriga Nacional, de origem local e considerada a mais nobre de tintos, e a Encruzado, uva-emblema dos brancos. Arlindo Cunha, ex-ministro da Agricultura de Portugal e presidente da CVR do Dão (Comissão Vitivinícola Regional), que representa os produtores de vinhos (ou outros produtos vínicos) com a certificação DOC (Denominação de Origem Controlada), elenca alguns dos motivos para se provar as variedades da bebida produzida na região:
1) Conhecer os vinhos da uva Touriga Nacional, tida como a rainha entre os tintos portugueses
Como em cada país produtor de vinhos de qualidade, em Portugal, o ícone é a Touriga Nacional, originária da Região do Dão. Cultivada na casta mais nobre de tintos do país, a uva-emblema lusitana se distingue pela capacidade de produzir vinhos encorpados, elegantes, com ótima concentração de cor, bom teor alcoólico, taninos nobres, garantido, assim, equilíbrio de aromas florais e frutais, justamente características de vinhos elaborados com esta cepa, gerando inconfundível nobreza na degustação.
Os atributos dos vinhos obtidos da Touriga Nacional são resultado de seus cachos delicados e compactos, com coloração negro azulada por causa da polpa rígida e suculenta, o que também reflete na obtenção de cores intensas da bebida.
Outra peculiaridade da uva-emblema portuguesa é ser propícia ao envelhecimento, o que significa deixar o paladar do vinho mais intenso – com mais tempo maturação na garrafa antes de ser comercializado. E as qualidades da uva já são reconhecidas mundialmente, tanto que ocupam cada vez mais espaço em produções europeias, australianas e californianas.
2) Conferir a grande capacidade de envelhecimento dos vinhos produzidos com a Encruzado
A uva Encruzado é outro emblema da nobre Região do Dão, tanto que especialistas e críticos a consideram uma das melhores uvas brancas de Portugal. Ela produz vinhos encorpados, frescos, com aromas frutados, bons níveis de açúcares (teor alcoólico) e acidez.
Há rótulos, inclusive, em que é possível sentir aroma floral. Outra peculiaridade da Encruzado é que, mesmo produzindo vinhos frescos, tem potencial para envelhecimento.
A explicação leva em consideração dois aspectos. O primeiro é que o ditado “vinho bom é vinho velho” não deve ser levado à risca. Isso porque a natural acidez ajuda a manter o frescor da bebida com o tempo, aliado ao tratamento em carvalho adequado.
Outro ponto favorável à capacidade de envelhecimento dos vinhos produzidos com a Encruzado se dá pelo fato de as vinhas estarem em elevadas altitudes e solos graníticos, onde a variação da temperatura diurna da região ajuda a prolongar maturação.
3) Provar vinhos premiados pela crítica especializada
Este ano, um vinho do Dão foi considerado o “Melhor Varietal Branco” pela ViniPortugal, o Villa Oliveira Encruzado 2016, do Abrigo da Passarela. Para enfatizar o reconhecimento dos rótulos cultivados e produzidos na Região do Dão, a revista portuguesa Grandes Escolhas publicou um artigo escrito por uma das principais autorizadades internacionais no assunto.
Dirceu Vianna é o único brasileiro detentor do ‘Master of Wine’ – a principal qualificação dada aos profissionais de negócios de vinho. Para ele, a obtenção de vinhos autênticos na região do Dão se caracteriza pela elevada diversidade edafoclimática (relativo ao clima, ao solo, ao relevo, à temperatura, à humidade do ar etc) e predominância de castas autóctones.
De acordo com o brasileiro, os estilos de vinhos tintos da Região do Dão variam desde exemplos mais leves e elegantes até vinhos encorpados e com taninos firmes, apresentando frescor e estilo de frutas frescas e vibrantes.
4) A região do Dão é privilegiada para a vitivinícola
O vale do Dão se situa em uma área granítica (solo predominantemente rochoso) e envolvida por maciços montanhosos e com pinheiros que protegem as plantações da influência climática do Oceano Atlântico.
Os fatores naturais, incluindo o clima, a geografia e a composição do solo, aliados à ação humana, compõem o que os franceses chamam de “terroir”, determinante na qualidade final do vinho. Aliados à ação humana na produção para o resultado final de vinhos elegantes e singulares.
A Touriga Nacional, que tem origem na região, exemplifica o resultado dessas influências. Numa altitude média acima dos 400 metros, há um cruzamento de influências mediterrânica, atlântica e continental que proporcionam ambiente sem paralelo em qualquer outra região. Os diversos microclimas compõem a um cenário perfeito que se reflete no conteúdo das garrafas.
5) Conhecer o produto vindo de uma estrutura familiar fiel às suas origens
Outra forte característica da Região do Dão é a produção familiar, que remota do início do século passado. Com o tempo, os produtores resistiram à onda da homogenização, que tirou a identidade de muitos vinhos produzidos mundo afora. O apego à tradição, no entanto, não impediu que novas técnicas fossem integradas às vinhas e os vinhos.
– O Dão soube preservar identidade, caráter e elegância de seus vinhos, e os resultados têm provado que as opções têm sido as mais corretas. Este ano, um vinho do Dão foi considerado o “Melhor Varietal Branco” pela ViniPortugal, o Villa Oliveira Encruzado 2016, do Abrigo da Passarela – mostra Arlindo.
6) Visitar a região do Dão é a chance de unir belas paisagens aos sabores locais
Para quem provou os vinhos e quer mergulhar de vez na experiência local, o CVR do Dão criou a Rota do Vinho. São trajetos criados com o objetivo de dar mais visibilidade e ênfase aos produtores, permitindo proximidade com o consumidor final.
Assim, as quintas e as adegas podem vender diretamente os seus rótulos ao público, e oferecer também opções de gastronomia, alojamento e atrações turísticas.
Por G.Lab para CVR do Dão
Fonte: https://oglobo.globo.com