A seca no Parque Natural da Fonte da Pedra, Málaga, tem-se acentuado nos últimos cinco anos e esta primavera, pelo segundo ano consecutivo, os milhares de flamingos que procuram esta zona húmida não se reproduziram.
Segundo o diretor de conservação da reserva, África Lupión, chegaram cerca de 12.000 casais destas aves e tentaram reproduzir-se mas a falta de chuvas foi decisiva.
“As chuvas do final de março provocaram um nível de água de 30 centímetros, um pouco alto demais para a colónia se instalar” e depois “a precipitação foi fraca” demais para que as aves conseguissem procriar.
“A colónia foi abandonada e as cerca de 40 crias que nasceram não se desenvolveram”, refere o responsável da lagoa, que é considerada o mais importante local de reprodução do flamingo comum na Península Ibérica.
No ano passado, a situação foi ainda pior, porque a falta de água na lagoa fez com que estas aves nem sequer tentassem reproduzir-se e, tal como este ano, também não foi possível efetuar a sua anilhagem, disse.
Se houver um nível de água de, pelo menos, 25 centímetros na lagoa durante a época de reprodução – entre março e abril -, as aves reproduzem-se e, após dois ou três meses, as crias podem ser anilhadas.
O responsável sublinhou que este é o segundo ano consecutivo em que não foi possível identificar novas crias.
De acordo com o diretor de conservação desta Reserva Natural, quando este tipo de lagoas estão secas, os flamingos adaptam-se a encontrar outras zonas húmidas.
O problema surge quando há uma seca severa generalizada e eles têm de encontrar um local para se reproduzirem.
“Isso implica mais requisitos: tem de ser um local seguro e isolado, onde possam estabelecer a colónia e onde haja comida suficiente. É verdade que, se não estiverem aqui, têm de procurar outras, mas também podem não as encontrar”, explicou.
O responsável salientou que, quando há vários anos de seca, há menos aves a juntarem-se à população, pelo que o número de flamingos diminui progressivamente.