A barragem de Vale de Madeiro só tem água para um mês, o que significa que poderá deixar de regar as hortas e forragens para animais de perto de 200 beneficiários, revelou hoje o presidente da associação.
Esta é uma das sete albufeiras da lista anunciada pelo Governo com limitações para a campanha de rega no Norte, Alentejo e Algarve, devido à seca que afeta Portugal, considerada extrema no distrito de Bragança, que abrange Mirandela.
O presidente da Associação de Beneficiários do Perímetro de Rega de Vale de Madeiro, Emanuel Batista, disse hoje à Lusa que a barragem só já pode utilizar 20 por cento de água e chega ao chamado caudal ecológico, a partir do qual é fechada.
Se não chover, o dirigente estima que deixe de regar dentro de “um mês”, numa época em que os agricultores precisam da água para as culturas de verão, nomeadamente produtos como batata, tomate ou cebola.
Segundo disse, “90%” dos beneficiários desta barragem cultivam “hortas familiares, sociais e de subsistência” nas freguesias de Carvalhais e Mirandela, para consumo doméstico, mas também para vender no mercadinho local.
Os restantes são criadores de gado, nomeadamente de pequenos ruminantes e “meia dúzia de explorações de gado bovino”, como disse.
A associação já está a dizer aos criadores de animais “para não semearem, porque podem a qualquer momento não ter água para as pastagens, forragens e para conseguirem que essas culturas tenham viabilidade”.
Relativamente às culturas de verão, explicou que “estão todas semeadas, pode haver é menor ou maior produção”.
“Por exemplo, nós temos a batata plantada, está a meio do ciclo, se nós fecharmos a água a batata tem tendência ou a reduzir à qualidade ou ao tamanho ou mesmo não atempar o devido e não se conservar durante o ano”, concretizou.
Outro exemplo que Emanuel Batista deu foi o do tomate que “só daqui por mais quinze, vinte dias é que começa a produzir, o que quer dizer que pode nem chegar a produzir, porque faltando-lhe a água deixa de haver calibre, deixa de haver floração”.
Se a barragem fechar, a única alternativa que se avizinha, para já, é quem tem poços artesanais bombear a água dos mesmos para a rega.
A associação, segundo disse, está também a “incrementar o bom uso da água, mas não é fácil porque os agricultores já têm uma determinada idade e é difícil eles compreenderem o uso eficiente de água”.
Ainda assim, Emanuel Batista repete o conselho para “usarem menos água, regarem nas horas mais frias, ao final do dia ou início da manhã para evitaram as evaporações”.