A Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (CONFAGRI) e a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP) criticaram os cortes do Governo relativamente ao investimento agrícola no âmbito da terceira reprogramação do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) para Portugal.
Para Nuno Serra, Secretário-Geral da CONFAGRI, “é simplesmente incompreensível como pode qualquer setor que seja ser competitivo sem investimento”, sendo “mais incompreensível ainda como se pode fazer cortes tão significativos no investimento a um setor como o agroalimentar que para além de insubstituível, contribui positivamente para a economia portuguesa e gestão ativa do seu território”.
No mesmo sentido, a AJAP também manifestou “o seu profundo desacordo e voto contra a proposta apresentada”.
Nas palavras de Firmino Cordeiro, Diretor-Geral da AJAP, “o cenário que temos em cima da mesa, com estes cortes, coloca em causa o futuro da agricultura em Portugal, sobretudo quando o investimento é prioritário e urgente na reconversão e dinamização de muitas explorações em todo o país”.
O responsável da AJAP sublinhou ainda que, “se existe setor que exige estabilidade nas políticas, na estratégia, na estruturação e restruturação e programação, é o setor agrícola”, lembrando que a Associação “tem alertado sucessivamente, os anteriores Governos e o atual, para o envelhecimento e o despovoamento galopantes que ameaçam a agricultura e os territórios, sendo urgente inverter esta tendência, fixando mais jovens agricultores à terra e até noutras atividades da área económica”.
Em causa estão cortes de 221 milhões de euros no Investimento e Rejuvenescimento, de 181 milhões na Sustentabilidade em Zonas Rurais, as reduções de 55 milhões no Risco e Organização da Produção e o corte de 23 milhões de euros no Conhecimento.
Nuno Serra garante ainda que “se há algo que se está a incentivar com esta reprogramação e à queda do investimento e ao desinteresse dos investidores no setor agrícola e agroalimentar nacional”, acrescentando também que “só é possível contrariar o agravamento do défice da balança comercial e caminhar para a autossuficiência alimentar com mais investimento no setor agroalimentar”.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.