Segundo um estudo realizado pelo Instituto Cerdá para a Associação Espanhola de Obtentores Vegetais (ANOVE), até 2050 será necessário aumentar o rendimento das culturas em 60% na Europa.
O relatório analisa e quantifica os vários desafios que se colocam ao setor, nomeadamente a necessidade de aumentar a produção, o enorme potencial de contribuição das novas técnicas de edição genética e as barreiras que se colocam ao melhoramento de plantas.
De acordo com o relatório, o abastecimento de alimentos a preços acessíveis não está garantido a médio prazo e os desafios que os sistemas alimentares enfrentam têm de ser abordados para que se possam encontrar soluções para abastecer a população em cenários futuros incertos.
Os desafios que se colocam aos sistemas alimentares incluem desafios estruturais e conjunturais. Os principais desafios estruturais são: alimentar uma população em crescimento, a impossibilidade de aumentar a área de terra arável, fazer face às alterações climáticas, a transição para sistemas agrícolas mais sustentáveis, o aumento do custo dos factores de produção agrícola e a necessidade de assegurar a sustentabilidade económica da produção agrícola.
O relatório inclui dados alarmantes como o facto de, em consequência das alterações climáticas, se prever que o rendimento global das culturas diminua entre 3% e 12% até meados do século e entre 11% e 25% até ao final do século, ou o facto de a aplicação da Estratégia do Prado ao Prato, sem medidas adicionais, conduzir a uma redução do rendimento agrícola entre 5% e 15%.
É necessário que as medidas adoptadas para responder aos vários desafios sejam acompanhadas de instrumentos que garantam a competitividade das culturas e das zonas onde são cultivadas. Caso contrário, diz o relatório, poderemos assistir à perda de setores económicos e ao consequente despovoamento das zonas de produção.
Para além dos desafios de natureza estrutural, existem desafios de natureza conjuntural associados ao cenário atual, como a COVID-19, a guerra na Ucrânia e a globalização, o que torna a produção agrícola suscetível de ser afetada por perturbações que surjam na esfera internacional.
Em resultado da combinação dos diferentes desafios que a agricultura enfrenta, o rendimento das culturas terá de ser aumentado em média 60% até 2050, em comparação com a situação atual, à escala europeia.
As novas técnicas de edição de genes permitiriam alcançar esta aceleração. A edição de genes de plantas abre um vasto leque de possibilidades no desenvolvimento de variedades diversas e melhoradas, fornecendo ferramentas para enfrentar desafios específicos e manter a segurança alimentar num mundo em mudança.
O estudo analisa igualmente uma série de obstáculos que impedem o melhoramento de plantas de atingir todo o seu potencial: obstáculos regulamentares, falta de recursos públicos para a avaliação de novas variedades, falta de reconhecimento por parte dos consumidores e perceções preconceituosas.
A conclusão desta análise exaustiva é que, a menos que a atividade de melhoramento de plantas atinja todo o seu potencial, a segurança alimentar não pode ser garantida. Isto conduzirá a um aumento dos custos dos alimentos, a possíveis ruturas no abastecimento de certos produtos e ao risco de desaparecimento de setores económicos que permitem a permanência da população nas zonas rurais.
Leia o relatório aqui.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.