O vice-presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Leiria Jorge Vala disse hoje que a construção de um emissário para salvaguardar o rio Lis pode custar entre 15 e 20 milhões de euros.
“Este emissário calcula-se que terá um custo estimado entre 15 e 20 milhões de euros e, portanto, nós comprometemo-nos também, em conjunto com a APA [Agência Portuguesa do Ambiente], a encontrar soluções de financiamento, para não sobrecarregar os restantes municípios que estão sob gestão da Águas do Centro Litoral (AdCL)”, afirmou Jorge Vala.
O autarca, também presidente da Câmara de Porto de Mós, falava aos jornalistas, em Leiria, no final da reunião da comissão de acompanhamento para avaliar a avaria na estação elevatória de Monte Real (Leiria) que, em 12 de agosto, levou à descarga de milhares de metros cúbicos de efluentes não tratados para o rio Lis, que desagua na Praia da Vieira, e em valas de rega.
Na ocasião, os banhos na Praia da Vieira foram interditados e o Município de Leiria desaconselhou atividades no troço do rio Lis a jusante de Monte Real, como captações para rega, banhos e pesca.
A avaria naquela estação, infraestrutura da responsabilidade AdCL, ficou ultrapassada na madrugada de dia 14.
Jorge Vala, que também é vogal não executivo na AdCL, referiu que a CIM lançou o procedimento para o estudo do emissário para levar os efluentes desde a estação de tratamento de águas residuais do Coimbrão (Leiria) até ao mar, num total de seis quilómetros, admitindo que esta possa ser a solução “para resolver, de uma vez, este grave problema que o rio Lis tem”.
“Lançámos o procedimento para o estudo junto de três entidades especialistas nesta matéria e estamos a aguardar que termine o prazo”, declarou, adiantando que “a entidade que ganhar o procedimento terá 90 dias” para o apresentar.
Jorge Vala disse que o estudo será, posteriormente, apresentado à comissão de acompanhamento e entregue à AdCL que, “em conjunto com a APA validará os prós e os contras desta solução”.
“Depois disso, e se a solução que apresentamos for a escolhida, a Comunidade Intermunicipal avançará para encontrar soluções de financiamento”, garantiu.
Jorge Vala esclareceu que “a AdCL poderia encontrar a solução através de fontes de financiamento, em que a principal são os municípios”.
“Entendemos que não devemos sobrecarregar a tarifa e, portanto, esta é uma solução em que, através de fundos comunitários, podemos tê-la” e que “será a melhor forma de resolver este problema”, acrescentou.
O presidente da AdCL, Alexandre Tavares, congratulou-se com a decisão da CIM e adiantou que a administração da empresa “disponibilizou-se, de imediato” para “ceder a informação que for necessária para avaliar a viabilidade e a sustentabilidade” desta solução.
Alexandre Tavares destacou que a solução apresentada pela CIM tem associada “uma dimensão financeira que potencia, se a solução for esta”, a agilização para a sua concretização.
Em 19 de agosto, no final da primeira reunião da comissão de acompanhamento, o presidente da APA, Pimenta Machado, disse que a criação de um emissário submarino pode ser a solução para os efluentes tratados não terem como destino o rio Lis.
Quando confrontado com o investimento que esta possibilidade possa comportar, Pimenta Machado respondeu que “para projetos prioritários haverá sempre financiamento”.
A AdCL Litoral tem a concessão, por um período de 30 anos, até 2045, da exploração e da gestão do Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água e de Saneamento do Centro Litoral de Portugal.
Esta é uma sociedade constituída em 2015 e participada pela Águas de Portugal, SGPS, SA e por 29 municípios distribuídos pelos distritos de Aveiro, Coimbra, Leiria, Porto e Santarém.
Integram a comissão de acompanhamento a Secretaria de Estado do Ambiente, a APA, a Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Lis, os municípios de Leiria e da Marinha Grande, a AdCL e a CIM.