Maria José Roxo, geógrafa, professora e investigadora da Universidade de Lisboa, analisou na SIC Notícias a situação de seca que afeta Portugal.
Portugal tem 97% do território em seca, segundo o IPMA. Do território nacional, 34% está em seca severa ou extrema, especialmente o Alentejo e Algarve. Os dados são referentes a julho, o mês mais quente alguma vez registado.
“A nossa vantagem é a posição geográfica junto a um oceano e temos usufruído dessa influência, por isso, não tivemos ondas de calor tão fortes, como teve o interior de Espanha”, explicou Maria José Roxo.
A geógrafa fez referência ao anticiclone dos Açores, que deu a Portugal uma “frescura e uma maior humidade”, tendo sido essa a razão para que o País não tenha sofrido com altas temperaturas como Espanha.
“A seca é um fenómeno global e afeta a Península Ibérica, muitas vezes mais dentro do seu núcleo que é Espanha”, referiu Maria José Roxo.
Quais as medidas a implementar?
“Eu acho que há duas palavras fundamentais para o futuro: reduzir e adaptar. Nós temos de mudar o comportamento, é uma questão de consciência ecológica”, afirmou.
Mas, para “mudar comportamentos e adaptar o território, é preciso conhecê-lo”, alertou a geógrafa.
“Aquilo que precisamos é de medidas estruturais, de medidas estratégicas, com visão e que sejam implementadas em parceria com as pessoas que vivem nos territórios”, adiantou.
Tentar que não haja incêndios e ter uma gestão mais eficaz dos recursos hídricos, são algumas das soluções apontadas por Maria José Roxo.
Aliada à mudança de clima, que está a diminuir a precipitação, a maior quantidade de água utilizada, acabam por ser dois motivos da situação de seca em Portugal e Espanha.
Em Espanha, pelo menos nove milhões de pessoas são afetadas com a seca. Há regiões onde o abastecimento chega mesmo a ser cortado durante a noite.
Esta é a terceira onda de calor no território vizinho só este verão, com temperaturas que têm ultrapassado as previsões dos meteorologistas.
Em Valência, por exemplo, registaram-se mais de 46 graus esta quinta-feira, o valor mais alto em 57 anos.