José Rafael é o orador das sessões de informação do Projecto Melhor Eucalipto sobre o tema da manutenção de povoamentos, onde se inclui a nutrição e a adubação. Nas suas apresentações, costuma comparar a produção de eucaliptos à produção agrícola. Saiba porquê.
1.Que conselhos dá a quem quer tirar o máximo de produtividade do seu eucaliptal?
Se vamos instalar um novo povoamento, devemos saber se esse terreno é indicado para a cultura do eucalipto, nomeadamente se o clima é adequado e se não estamos em solos calcários ou argilosos. Previamente, deve fazer a análise das terras para conhecer os solos. Depois, optar pela melhor preparação do terreno, de forma a preservar a matéria orgânica e a minimizar os riscos de erosão. Escolher a planta adequada e a quantidade de plantas por área para cada região. Se já está em manutenção deve utilizar as melhores técnicas e, com a melhor oportunidade possível, adubar e controlar a vegetação herbácea e arbustiva – para reduzir a concorrência com o eucalipto e a perigosidade de incêndio). Pode também consultar o site Projecto Melhor Eucalipto ou falar com os técnicos das empresas florestais ou das associações.
2. Como se pode saber qual é o melhor adubo para o terreno em específico?
Devemos fazer sempre o diagnóstico visual do estado nutricional dos povoamentos no local, mas a análise de terras é fundamental para sabermos com rigor quais as necessidades de adubação, nomeadamente em azoto, fósforo, potássio e cálcio. Em algumas regiões do país também devemos fazer a análise foliar para diagnosticar eventuais deficiências em boro.
3. Pode a produção florestal ser comparada à agricultura?
A cultura florestal é semelhante à produção agrícola no sentido em que estamos a cuidar que as plantas cresçam bem e saudáveis. Uma diferença fundamental para a cultura agrícola é que esta tem um momento conhecido de colheita anual pré-estabelecido, e na floresta não. A forma de decidir o momento do corte é outro. Por outro lado, o ciclo de colheita é mais longo e, como há reciclagem de nutrientes pela queda das folhas e pela degradação natural das raízes, existe menor necessidade de adubação e de mobilização do solo, além de que suporta solos mais pobres, usualmente não utilizados pela agricultura. A floresta de eucalipto proporciona uma boa conservação do solo e regularização dos regimes hídricos, principalmente se houver um mosaico com parcelas em diferentes idades. A cultura do eucalipto convive em harmonia com as culturas agrícolas, florestais e silvopastorícia.
4. É verdade que o eucalipto pode estragar o solo?
O eucalipto é uma planta como qualquer outra, e há numerosos estudos que comprovam que o eucaliptal não degrada os solos. O importante é manter o nível de fertilidade do solo – e por isso é que recomendamos adubar os eucaliptos, assim como se recomenda que os agricultores adubem as suas culturas.