Agricultores vão enviar alerta a todos os deputados – excepto os “antimundo rural” PAN e BE – e a Marcelo. Avisam sobre o risco de se perderem mil milhões de euros de Bruxelas para modernizar e tornar mais sustentável a produção. E rejeitam políticas públicas que só vêem uma parte ínfima do país. Economistas, politólogos e especialistas fazem retrato de um Portugal a duas velocidades e acreditam que Costa vai arrancar com uma medida marcante. Saúde, impostos e casas serão trunfos da oposição.
O debate do Estado da Nação “não pode ignorar 90% do território”: o repto é lançado por Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). Considerando o afastamento dos órgãos de decisão do terreno e a falta de representação real do mundo rural nos centros de definição de políticas e prioridades, a CAP preparou um memorando focado em quatro pontos-chave que vai enviar aos partidos e ao Presidente da República – para que não se esqueçam os temas da agricultura no Parlamento, dia 20, tão-pouco à mesa dos conselheiros de Marcelo Rebelo de Sousa, que se reunirão de seguida para analisar a situação do país.
As verbas europeias que custam a chegar ao terreno (do PDR e do PEPAC), mas também a deficiente gestão da água e o esvaziamento de competências do Ministério da Agricultura (MA) são os temas focados no documento pela confederação, que deixará de fora PAN e BE, partidos que considera “antimundo rural” e, como tal, alheados desta realidade.
Em causa está “aquilo para que vimos alertando há um ano”, diz ao NOVO Luís Mira. “A incapacidade e a falta de noção de quem nos governa afectam os agricultores e prejudicam muito os portugueses, porque sem agricultura não há comida.” Vinca, por esse motivo, que “o debate de quinta-feira não pode excluir o mundo rural, a menos que se queira assumir que a nação são apenas 10% do território”.
O risco de se perderem quase mil milhões de euros da nova Política Agrícola Comum europeia (PEPAC) é um dos principais alertas deixados por Luís Mira no documento e que explica ao NOVO. Por duas vezes já adiada a data final, a 15 dias de terminar o prazo faltam candidatar aos fundos europeus mais de metade dos 3 milhões de hectares (um pouco menos do que o equivalente ao tamanho de Israel). “Enquanto não avançarem as candidaturas, os 800 milhões que Bruxelas tem previstos para Portugal não vêm”, diz, apontando o desmantelamento do Ministério da Agricultura e o deficiente funcionamento da estrutura liderada por Maria do Céu Antunes como razões de peso para […]
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