Quinta do Pôpa estreia-se na produção de vinho do Porto
Depois da chegada de um novo DOC Douro, o monocasta de Touriga Franca ‘Pôpa TF’, é tempo de os irmãos Stéphane e Vanessa Ferreira, proprietários da Quinta do Pôpa – situada junto à EN 222, em Adorigo, no concelho de Tabuaço – virarem a página e, agora sim, com o projecto consolidado e dez anos volvidos, se apresentarem também como produtores de vinho do Porto.
Nada parece ser ao acaso. Depois de uma tentativa que não atingiu o patamar sonhado, chegam ao mercado com o “fruto mais apetecido”, um Porto de categoria Vintage. Da colheita de 2016 e oriundo de uma parcela das vinhas mais velhas da propriedade, apresenta-se sob a marca ‘Quinta do Pôpa’ e está reservado a apenas 2.750 garrafas de 750ml. Um Vintage “equilibrado e fresco, com excelente estrutura, fruta intensa, expressiva e muito pura. O ano [de 2016] oferece taninos que estão entre os mais refinados de sempre”, afirma João Menezes, enólogo da Quinta do Pôpa.
O ‘Quinta do Pôpa Porto Vintage 2016’ foi vinificado em lagares, com 50% de engaço e corte com pisa a pé. A fermentação alcoólica decorreu durante quatro dias, com controle de temperatura, seguindo-se a adição de aguardente em lagar e posterior desencuba. O mosto estagiou em cubas de inox.
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“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”. O excerto de “Mar Português”, do livro “Mensagem”, de Fernando Pessoa faz todo o sentido no contexto do projecto de vinhos Quinta do Pôpa. A verdade é que estamos perante um vinho de homenagem a José Ferreira (Zeca do Pôpa) – pai de Stéphane e Vanessa (conhecidos como os netos do Pôpa) –, o homem que conseguiu concretizar o sonho do seu pai. O [avô] Pôpa, filho ilegítimo de um nobre agricultor duriense, sempre acalentou o sonho de ter uma quinta no Douro, onde produziria vinho. Morreu antes de ver o seu filho e netos concretizarem o seu desejo e de o transformar num legado com pô(m)pa e circunstância.
E porquê um vinho do Porto? “Porque queremos fazer (parte da) história.”, asseguram os irmãos Stéphane e Vanessa. A resposta não tardou face ao desafio constante de se produzir, na Quinta do Pôpa, o vinho que determina a identidade da mais antiga região demarcada do mundo: o Douro. “Desde o início do projeto, todos se questionaram porque não produzíamos vinho do Porto. Até nós! Mas cada (de)grau a seu tempo. Só poderíamos vir a declarar a produção de vinho do Porto com maturidade, do projeto e nossa, enquanto proprietários. Passados 10 anos, e após marcarmos o perfil dos vinhos de assinatura Pôpa, chegou a altura de avançarmos com o lançamento deste Porto da Quinta do Pôpa. E para ser, que seja um Vintage.”, acrescentam os netos do Pôpa.