A Quinta da Vacaria está a investir 10 milhões de euros na construção de uma adega e de um hotel junto ao rio Douro, na Régua, que vai criar 100 postos de trabalho, foi hoje anunciado.
Implantada no Douro Património Mundial da UNESCO a adega vai ficar praticamente toda “embutida na encosta”, debaixo de vinha, e a unidade hoteleira de cinco estrelas nasce numa casa que remonta ao século XVII e que vai ser recuperada, mantendo a traça original.
A Quinta da Vacaria é uma das mais antigas propriedades durienses, com o primeiro registo datado de 1616.
Rui Quelhas, representante do investidor, afirmou que está a ser concretizado um investimento de 10 milhões de euros, que vai criar cerca de 100 postos de trabalho, 60 dos quais no hotel e 40 na adega.
O responsável referiu que, no âmbito do projeto, vai ser também ser demolida a atual adega, localizada junto à estrada 313-1, construída em 1985 e que classificou como um exemplo do que “não se de deve fazer”.
Rui Quelhas falava à margem do lançamento simbólico da primeira pedra da unidade hoteleira, cuja construção deverá demorar um ano e meio a concretizar-se.
A casa antiga vai ser remodelada, modernizada e será feito um aumento “de 20% sobre a área que existe”.
O empreendimento terá capacidade para “60 a 90 hóspedes”, com todas as suítes e os quartos virados para o rio, duas piscinas, SPA com vinoterapia, hortas e uma capela do século XVIII.
A expectativa é que a adega esteja em funcionamento já na próxima vindima e ali conciliar-se-á a produção de vinho com o acolhimento de turistas e restauração.
Este projeto será complementado com outra unidade turística, a construir na Quinta dos Currais, localizada a cerca de 300 metros, numa quota superior.
Em curso está ainda a requalificação de vinha que, no total das duas quintas, ascende aos 44 hectares e tem uma produção média de 267 pipas de vinho.
Para Luís Pedro Martins, presidente da Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), este é um “bom exemplo da resiliência deste setor que consegue atravessar um ano de pandemia sem baixar os braços”.
Para além do “arrojo” de investir em tempos de covid-19, demonstra que o setor e a região acreditam “na recuperação” após “a apneia” em que se está neste momento.
“Todos nós acreditamos que resolvida a questão pandémica, vamos voltar a liderar. Estávamos a crescer 10% acima da média nacional no início de 2020”, salientou.
O presidente da Câmara do Peso da Régua, José Manuel Gonçalves, destacou a importância do investimento para a região porque vai “trair mais turistas” e “vai criar mais postos de trabalho”
“Vai também criar uma nova centralidade no âmbito do turismo e do enoturismo e na nossa frente ribeirinha, desde o Moledo até Covelinhas, e que tem sido uma aposta do município para revitalizar e dinamizar a atividade económica”, salientou.
José Manuel Gonçalves referiu que “dantes o vinho do Porto levava o Douro pelo mundo” e que hoje se quer “que o mundo venha até ao Douro”.
Porque o projeto está numa “zona sensível”, de Património Mundial e junto ao rio, Rui Quelhas referiu que, até ao arranque da obra, foram necessários quatro anos e pareceres da Direção Regional da Cultura do Norte, Agência Portuguesa do Ambiente, Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e Infraestruturas de Portugal.
A propriedade é atravessada pela Linha Ferroviária do Douro e vai ser necessário proceder à construção de uma passagem inferior.