A associação ambientalista Quercus destacou hoje como os aspetos mais negativos do ano em Castelo Branco a instalação de monoculturas superintensivas de amendoais e olivais, principalmente nos concelhos de Idanha-a-Nova e do Fundão e a poluição nos rios.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a Quercus de Castelo Branco faz um balanço ambiental relativo ao ano de 2021, selecionando os melhores e os piores factos a nível regional, num ano que continuou a ser marcado pela crise pandémica.
“A crise [pandémica] que atravessamos atualmente, para além de ter como consequência a diminuição do bem-estar da maior parte da população, tem acabado também por desviar a atenção da opinião pública dos graves problemas ambientais que continuamos a viver, tanto a nível local, como global”, lê-se na nota.
Os ambientalistas destacam como os piores factos ambientais do ano no distrito de Castelo Branco, a “persistência e intensificação” das violações do Plano de ordenamento da albufeira de Santa Águeda e Pisco (POASAP), “apesar dos constantes alertas e denúncias da plataforma de defesa da albufeira”.
A agricultura superintensiva, sobretudo de amendoais e de olivais, nos concelhos de Idanha-a-Nova e do Fundão, tem vindo a gerar vários problemas ambientais, “que têm a ver com a contaminação do ar, dos solos e da água, diminuição de biodiversidade, nomeadamente com a destruição de montados e habitats naturais, áreas de REN (Reserva Ecológica Nacional) e RAN (Reserva Agrícola Nacional), com evidente degradação dos solos”.
A Quercus destaca ainda o impacte ambiental que as centrais de biomassa do Fundão e de Vila Velha de Ródão tem provocado na região e que tem sido acompanhado “com atenção e elevada preocupação”.
Os ambientalistas estão também preocupados com a hipótese de construção de grandes infraestruturas na região, que “ameaçam o ambiente e a qualidade de vida”, destacando a intenção da construção do IC31, barragem do Alvito e a exploração de lítio (na Serra da Argemela e em Segura).
O prolongamento do funcionamento da Central Nuclear de Almaraz, em Espanha, até outubro de 2028, é outro dos aspetos negativos destacados pelos ambientalistas, tal como já o haviam feito no anterior balanço, assim como a continuação da poluição nos rios Tejo, Ponsul e Aravil e nas ribeiras de Alpreade, do Taveiró ou da Sertã.
“Em 2021 aumentou a regularidade e a intensidade destes fenómenos, contribuindo ainda mais para a degradação da qualidade de água dos rios na região”, sustentam.
Já como os melhores factos ambientais de 2020 no distrito de Castelo Branco, a Quercus destaca a recuperação de algumas espécies em perigo.
“Este ano consolidou-se a presença na região de Castelo Branco de espécies ameaçadas nomeadamente o lobo ibérico (Canis lupus signatus) e o lince ibérico (Lynx pardina), que há várias décadas não tinham uma presença regular. São uma boa noticia e um desafio para a sua conservação na região”, sublinham.
O abutre-preto (Aegypius monachus), classificado como “criticamente em perigo” no país e a águia imperial ibérica (Aquila Adalberti), uma das aves de rapina mais ameaçadas da Europa são outros dois bons exemplos destacados pelos ambientalistas.
Por último, realçam também a redução de fogos florestais na região: “O ano de 2021 é o ano com o menor número de incêndios desde 2011 e, na mesma década, o segundo com menor área ardida”.