Por estes dias foi divulgado o tão aguardado estudo encomendado pelo Ministério da Agricultura à EDIA sobre o impacto do olival na zona de influência de Alqueva.
Por estes dias foi divulgado o tão aguardado estudo encomendado pelo Ministério da Agricultura à EDIA sobre o impacto do olival na zona de influência de Alqueva. Os resultados apontam para algo que, parecendo muito óbvio, não parece ser muito bem compreendido na filosofia pró-ambientalista vigente: o olival moderno de regadio (sim, estamos a falar de produções intensivas e super intensivas) “pode ser desenvolvido de forma sustentável” e até “ecologicamente positiva”. Tudo depende das (boas) práticas culturais utilizadas. O estudo elenca alguns exemplos como a preservação e o fomento de bolsas de biodiversidade, o enrelvamento entrelinhas ou a preferência por controlo biológico de pragas. De resto, o olival é, como sabemos, uma cultura perfeitamente adaptada à região, “com baixas exigências hídricas e resiliência face à instabilidade climática, bem como resistência face a pragas, exigindo baixas quantidades de fitofármacos”.
Pelo que posso perceber, estas conclusões foram uma enorme chatice. O ataque à agricultura moderna, profissional, capacitada (e por consequência, muito mais sustentável do que alguns sistemas alegadamente eco friendly) por parte de muitos grupos de interesses ficou assim comprometido. Não deve tardar muito para termos conclusões semelhantes em relação a outras culturas que estão no olho do furacão destes ataques por desconhecimento, desinformação e falta de análises objetivas.
E com isto não digo que estejamos (todos os agricultores) a fazer tudo bem. Mas custa-me ver o setor constantemente achincalhado, desculpem o termo, por quem entende muito pouco de agricultura. E custa-me ainda mais sabendo que, nos últimos anos, foram dados passos gigantes por todos os players da fileira agrícola para seguir um caminho de sustentabilidade. Aquilo que se está a fazer atualmente na grande maioria das explorações agrícolas é um trabalho notável, muitas vezes pioneiro, pouco (re)conhecido, alavancado em conhecimento, experimentação e uma enorme vontade de trabalhar para deixar uma terra melhor aos vindouros.
A cultura miserabilista, de que todos temos de ser pequeninos e pouco evoluídos para estarmos do lado certo, arrepia-me. Na verdade, a dimensão pouco importa quando conseguimos criar valor em todas as dimensões, o tal triplo impacto positivo de que tanto se fala na estratégia de sustentabilidade das empresas: social, ambiental e financeiro. E a agricultura não é exceção.
#agricultarcomorgulho
Artigo publicado como Editorial da revista VIDA RURAL março 2021
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.
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