O regadio do Vale da Vilariça, em Trás-os-Montes, tem três projetos de valor global próximo de 11 milhões de euros para reforço da área em mais de 500 hectares, divulgou hoje o presidente da associação de beneficiários.
Fernando Brás indicou à Lusa que o maior dos projetos, com 9,3 milhões de euros, é o ambicionado há anos reforço da barragem da Burga com o alteamento do paredão e a construção de outra barragem na ribeira do Cerejal.
Outro dos projetos tem 1,3 milhões de euros para a ampliação da barragem de Santa Junta e um terceiro é a reabilitação da estação elevatória da barragem do Salgueiro no vale que conta atualmente cerca de 600 beneficiários do regadio.
O Ministério da Agricultura já garantiu o financiamento da expansão da barragem de Santa Justa, no Bloco Norte do regadio, que passará a servir as zonas de Assares e Santa Comba da Vilariça, no concelho de Vila Flor, e Vilarelhos e Eucísia, no concelho de Alfândega da Fé.
O projeto foi uma iniciativa conjunta dos dois municípios do distrito de Bragança, assim como o alteamento da barragem da Burga com a subida em mais dois metros e meia de altura do paredão para maior capacidade de armazenamento de água.
Este projeto, que inclui também o aproveitamento da ribeira do Cerejal, com nova barragem, tem parecer favorável das entidades competentes, segundo o presidente da Associação de Beneficiários, que irá agora avançar para o projeto de execução e estudo de impacto ambiental.
Em execução encontra-se a reabilitação da estação elevatória do Salgueiro, com um custo de 270 mil euros suportado por verbas comunitárias de que a Câmara de Vila Flor abdicou para este fim, disse à Lusa Fernando Brás.
Estes projetos irão contribuir para a expansão do regadio naquele que é um dos vales agrícolas mais férteis do país em mais 523 hectares, a juntar aos mais de 2.400 já existentes no vale partilhados pelos concelhos de Vila Flor, Alfândega da Fé e Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança.
O plano de regadio começou a ser pensado na década de 1960 pelo chamado “pai” da agricultura transmontana, Camilo Mendonça, que projetou o complexo agroindustrial do Cachão e a maioria das infraestruturas que servem o setor, nomeadamente as barragens do Vale da Vilariça.
O projeto está executado várias décadas depois, mas “o aumento substancial da procura” para projetos agrícolas exige novos reforços, segundo Fernando Brás.
De acordo com o presidente da Associação de Beneficários, o regadio tem estimulado novos projetos agrícolas e o incremento de várias culturas, desde a vinha, olival, fruteiras e hortícolas.
“Há empresas que plantaram 40/50 hectares de pessegueiro e explorações agrícolas que empregam durante todo o ano 20 a 30 pessoas e na época do verão 70 a 80 pessoas”, concretizou.
O dirigente não sabe concretizar o valor de novos investimentos agrícolas realizados nos últimos anos, mas demonstra o peso económico com as estimativas das ameaças da seca nos anos em que as barragens atingem os mínimos.
A barragem da Burga, que serve atualmente 280 hectares, é um exemplo dos sobressaltos em períodos de seca e que o dirigente garante “se não houvesse água para regar aquelas culturas, implicaria perdas de 1,6 a dois milhões de euros”.
Ao longo dos anos foram investidos 67 milhões de euros no regadio do Vale da Vilariça, a que se pretendem agora juntar mais cerca de 11 milhões de euros.