Margarida Rossa escolheu ser agricultora e ficar no Ladoeiro, em Idanha-a-Nova, terra onde nasceu: “Esta é a vida que queremos ter porque é a nossa paixão”, justifica. Produz totalmente em modo biológico e salienta que “esta região tem um clima fabuloso para hortícolas, com calor e muita disponibilidade de água”. Começou em 2015 e vai aumentar área, com aromáticas e pomares de macieiras e limoeiros. Vende a produção através da Hortas D’Idanha mas também diretamente na região.
A família de Margarida Rossa é da região e ainda vive no Ladoeiro, sempre ligada à agricultura: “O meu pai produzia tabaco mas quando isso acabou, ficou só com as ovelhas, produção de forragem e algumas culturas anuais”. Assim, Margarida e um dos irmãos, que também se dedica à terra, alugaram terrenos ao pai. Margarida tirou curso na área agrícola e dava formação a outros e “adorei trabalhar com plantas”, num viveiro, conta-nos, por isso decidiu começar a produzir.
Começou pela famosa melancia do Ladoeiro (quando estivemos na exploração estava-se já a preparar o festival anual da freguesia dedicado a este fruto) mas plantou também melão, meloa, curgete, pepino, beringela e abóbora butternut e garante que “dá-se tudo muito bem aqui”.
Este ano avançou também para a plantação de ervas aromáticas, igualmente em modo de produção biológico, num terreno perto, “onde temos um hectare e meio de uma vinha velha, com castas tintas e brancas, de que produzimos vinho só para consumo da família”.
Escolheu ser agricultora, com o marido, e ficar no Ladoeiro, em Idanha-a-Nova, onde nasceu: “Esta é a vida que queremos ter porque a agricultura é a nossa paixão”. Produz totalmente em modo biológico e salienta que “esta região tem um clima fabuloso para hortícolas, com calor e muita disponibilidade de água”.
Diversificar as culturas
Falando da opção pelas aromáticas, a jovem agricultora explica à VIDA RURAL que “mandámos analisar este terreno ao pé da vinha e não tem qualquer resíduo de pesticida, uma vez que nunca lá foi plantada nada, por isso podemos saltar o período de transição para o biológico”. Assim, avançou para as aromáticas, “para diversificar dos hortofrutícolas. Vamos ter Lúcia Lima, Hortelã-Pimenta, Cidreira, Alfazema e uma faixa de Tomilho Limão, mas também Aloé-Vera e Equinácia, que ajuda a aumentar o sistema imunitário”. Instalaram uma bomba para tirar água do furo e rega gota-a-gota, “mas também por aspersão porque temos de manter as plantas frescas senão não resistem a este calor. Agora é andar sempre em cima, insistir, para ver se as plantas conseguem resistir”.
Já tem secador para as aromáticas porque vai aproveitar “o secador que o meu pai já tinha para o tabaco”, afirma a agricultora.
Além dos 2,5 hectares onde tem os hortofrutícolas e do hectare de aromáticas, Margarida Rossa conta-nos que vai também alugar mais 12 hectares ao pai “para instalar pomares de macieiras e limoeiros. Já estamos a preparar os terrenos e comprámos as plantas num viveiro nacional, e isso é o mais caro, as plantas são muito caras”, lamenta, acrescentando que “vamos fazer a plantação das macieiras em novembro e dos limoeiros na primavera do próximo ano”.
Margarida diz que “aqui os terrenos são essencialmente argilosos, embora ali onde temos as aromáticas seja mais fraco, e a água que usamos para a rega das culturas vem de três furos e da Barragem de Idanha-a-Nova”.
Este ano não foi bom para a melancia do Ladoeiro – doce e sumarenta – porque houve noites muito frias, reconhece a agricultora, adiantando: “E a melancia é uma cultura muito especial, tem de ser colhida no ponto”.
Quase biodinâmico
Margarida explica que só a opção por agricultura biológica lhe fazia sentido e admite que vai até um pouco mais além, porque “o que fazemos é quase biodinâmico, porque aplicamos muitos produtos mesmo naturais” e exemplifica: “Para evitar fungos, como o míldio e o oídio usamos uma diluição de um litro de leite para dez litros de água – neste caso de ovelha porque é o que temos, mas pode ser qualquer leite –, e pulverizamos as plantas”.
Também usa “uma diluição de sabão azul e branco em água para prevenir o ácaro da melancia, que é muito agressivo, pois pode destruir a cultura numa semana”. O terreno onde se coloca melancia tem igualmente de ser bem estrumado, com antecedência, e “fazemos uma rotação de cinco em cinco anos, para não ter de desinfetar o solo, e assim deixá-lo recompor-se”, explica a agricultora, adiantando que “pomos também adubo biológico hidrossolúvel, com os principais macronutrientes, a meio da cultura”. Todavia, apesar de todos estes cuidados, Margarida Rossa não está a vender a sua melancia como biológica, porque “o mercado ainda não valoriza”.
As telas que usa também são especiais, assegura a produtora: “a dos hortícolas é biodegradável, feita à base de amido de milho e a das aromáticas rasga-se como papel e encomendámos diretamente do Canadá”.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.