O cabeça de lista do PSD às europeias acusou o Governo de “incúria e passividade” na execução dos planos previstos para a reflorestação do pinhal de Leiria.
“A situação do pinhal de Leiria é catastrófica, ardeu basicamente 86% de toda a massa florestal”, apontou, numa visita a uma zona de mata localizada no concelho da Marinha Grande, município onde arderam 10 mil hectares no incêndio de outubro de 2015.
Depois de uma reunião nos Bombeiros Voluntários da Marinha Grande, Paulo Rangel foi ao terreno acompanhado pelo segundo Comandante Mário Silva, que o alertou para os perigos de, por falta de execução dos planos previstos, se repetirem situações graves nesta zona dentro de alguns anos.
“Apesar de haver um plano do Instituto para a Conservação da Natureza, esses planos não estão minimamente no terreno. Mais uma vez é um problema típico dos governos do PS: há previsão, mas não há execução”, criticou o eurodeputado do PSD.
Depois de na semana passada ter alertado para falhas nos meios de combate aos incêndios, nomeadamente meios aéreos, quando já começou a época crítica, o candidato quis esta terça-feira deixar “mais um sinal de alerta aos portugueses”.
“Na própria prevenção no médio prazo – para verem que não estamos apenas a trabalhar para as eleições – também aqui existe uma negligência, uma incúria, uma omissão, uma passividade do Governo, que é altamente censurável, altamente criticável”, apontou.
Questionado se não teme novas críticas dos seus adversários de aproveitamento do tema dos incêndios, Rangel defendeu que “em democracia não há temas tabu”. “Em Portugal não pode haver assuntos tabu. O tempo de assuntos tabu era o tempo da ditadura. Em democracia tem de se falar de tudo”, afirmou.
Rangel constatou que “até há planeamento, mas que há uma total incapacidade de executar o que está planeado”. “Ou alguém faz a denúncia e consegue algum resultado e alerta a opinião pública, ou estamos todos calados a aplaudir o Governo e depois assistimos às tragédias”, afirmou.
Sobre a responsabilidade partilhada pelos governos PSD, o candidato fez questão de distinguir duas dimensões: a de curto prazo, onde considerou que os executivos sociais-democratas “tiveram sempre muito mais capacidade que os do PS”, e a de médio prazo.
“No médio prazo, há com certeza um problema estrutural do país relativamente à floresta. Aí não ponho em causa que, do ponto de vista do ordenamento, todos têm alguma responsabilidade”, admitiu.
Sobre as propostas do PSD nesta área, o candidato destacou o programa previsto no manifesto às europeias, “Missão Floresta”, que visa libertar fundos que possam ajudar a recompor a floresta em toda a Europa.
“Tem exatamente como desígnio trazer uma visão europeia para o assunto do ordenamento florestal, que diz muito a Portugal”, defendeu.
“Sempre me dei bem com más sondagens”
Neste ação de campanha, Paulo Rangel manifestou-se ainda “tranquilo” com a sondagem divulgada segunda-feira pela RTP, que dá a vitória ao PS, afirmando que sempre se deu bem com “más sondagens”.
“Quanto a isso estou muito descansado. A minha atitude é a de sempre, relativizar. Eu sempre me dei bem com más sondagens, portanto não é por isso que me preocupo com esta”, disse.
A sondagem da Universidade Católica para a RTP/Público, divulgada segunda-feira, coloca o PS à frente com 33% dos votos, mais 10 pontos do que o PSD, que surge com 23% das intenções de voto, e a possibilidade de perder um deputado.
Paulo Rangel manifestou-se “tranquilo” e defendeu que “o que importa é olhar para a dinâmica da campanha”, que considerou positiva.