“Além da emergência que hoje vivemos com a quebra de rendimento dos produtores agrícolas e pecuários, também na estruturação futura é preciso debater um princípio de desligamento da produção face ao rendimento dos trabalhadores”, afirmou o presidente dos sociais-democratas açorianos, José Manuel Bolieiro, em conferência de imprensa na sede do partido, em Ponta Delgada.
Bolieiro disse ser necessário “criar estruturas para um apoio claro e objetivo ao rendimento dos produtores”, referindo que a proposta do partido pretende iniciar a “reflexão do futuro da agricultura e da economia verde” na região.
O partido tem um “pensamento estruturado para a década” e uma estratégia que dá uma “enorme prioridade às questões agrícolas”.
“É por isso justo e solidário estarmos preocupados também com a grave crise de rendimentos dos agricultores, isto é, dos produtores agrícolas e dos produtores pecuários”, referiu.
Acompanhando o presidente do PSD regional, o deputado António Almeida referiu que a política de “desligamento” é um instrumento que já foi permitido pela União Europeia em 2003.
António Almeida referiu que o Programa de Opções Específicas para o Afastamento e a Insularidade nas Regiões Ultraperiféricas (POSEI), do qual provém uma parte significativa dos apoios aos agricultores açorianos, está todo “enquadrado no subsídio à unidade e quantidade”.
Por outro lado, a proposta de “desligamento” do PSD tem como objetivo “deixar de pensar no apoio à quantidade produzida” e direcionar os apoios para o rendimento dos agricultores.
“Garantir que os agricultores recebem o mesmo pacote de ajudas anual que têm [atualmente], independentemente da quantidade que produzem. É um instrumento que foi utilizado em vários países da União Europeia e no continente português”, assinalou o deputado.
António Almeida salientou ainda que o “desligamento” não se aplica apenas ao leite e à carne, permitindo ao agricultor redirecionar a produção “conforme o mercado”.
“Se uma indústria tiver uma solução de mercado diferente com produtos de maior valor acrescentado, vai remunerar melhor os agricultores e vai querer matéria-prima para produzir para um mercado que paga melhor”, apontou.
A política de “desligamento” tem “utilidade imediata”, mas é também, segundo o PSD, estruturante e implica que os critérios de produção sejam orientados conforme a prioridade de cada ilha, não sendo uma “medida de abandono da atividade agrícola”.
“O agricultor que se candidata a um desligamento obriga-se a manter a atividade agrícola mesmo que faça a reestruturação da exploração ou até faça a opção de outras produções”, realçou.
No passado dia 8 de maio, cerca de 100 agricultores manifestaram-se à porta da Unileite depois de a cooperativa ter anunciado a descida em um cêntimo do preço do leite.
Discussão sobre este post