A CELPA – Associação da Indústria Papeleira reuniu esta segunda-feira, dia 22 de Janeiro, em Óbidos (Quinta do Furadouro) as partes interessadas do Projecto Melhor Eucalipto para o apresentar e fazer um balanço.
No início da reunião, que juntou autarquias, organizações não governamentais de ambiente, organizações de produtores florestais, a Ordem dos Engenheiros, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), os esquemas de certificação florestal PEFC e FSC e empresas da pasta e do papel, Carlos Amaral Vieira, director geral da CELPA, fez questão de sublinhar a necessidade de ouvir “críticas e propostas”.
Francisco Goes, coordenador do Projecto Melhor Eucalipto, destacou o facto de, num levantamento realizado pela CELPA em 2010, se ter concluído que apenas 34% das parcelas de eucalipto em Portugal – não geridas pela indústria papeleira – apresentavam sinais evidentes de intervenção, o que significa que existe falta de gestão na maioria do eucaliptal nacional e, como tal, um enorme potencial de melhoria.
Os vários presentes destacaram o mérito do projecto no que se refere à partilha do melhor conhecimento das empresas (elas próprias gestoras de património florestal) e a necessidade de continuação do Projecto Melhor Eucalipto, nomeadamente através de mais sessões presenciais de formação e informação por todo o País. Recorde-se que desde o final de 2015, altura em que foi lançada a primeira “pedra” do Projecto, com uma sessão em Torres Vedras, a equipa já percorreu o País em 27 sessões destinadas a proprietários, prestadores de serviços, estudantes e técnicos florestais, tendo conseguido reunir praticamente mil pessoas.
O facto de existirem muitas entidades (pessoas e empresas) sem qualquer tipo de formação técnica a fazer plantação e gestão de eucaliptais -como é o caso de empresas de construção civil que usam equipamentos e métodos desadequados na preparação do terreno – também mereceu o comentário dos presentes, assim como a necessidade de haver um alvará florestal para as empresas que fazem trabalhos na floresta e a necessidade de uma carteira profissional para quem trabalha na floresta, de forma a “responsabilizar os técnicos que elaboram os projectos florestais”.
A dificuldade de comunicar boas práticas ou de acompanhar a concretização de projectos florestais que seguem boas práticas junto dos milhares de pequenos proprietários e “nanoproprietários” existentes em Portugal foi outro dos temas abordados, que reconhecem a sua enorme complexidade.
Vários dos presentes destacaram por isso a mais-valia do Projecto Melhor Eucalipto, que tem conseguido chegar a muitos proprietários, defendendo de forma veemente que o Projecto podia ir mais longe, de forma a inspirar um “Projecto Melhor Floresta”, que compatibilizasse as diferentes soluções no território e para as pessoas. Recorde-se que o principal objectivo do Projecto Melhor Eucalipto é contribuir para uma gestão da floresta de eucalipto activa, responsável e sustentável, gerando maior rendimento aos proprietários. “Apoiar a produção com boas práticas podia ser uma situação ‘win win’ para proprietários e indústria e para manter as pessoas no território”, algo que está em risco com a nova lei das florestas. “As pessoas só plantam o que lhes dá rendimento. Se não puderem plantar, vão abandonar as suas florestas”.
Algumas das propostas de melhoria do Projecto Melhor Eucalipto apresentadas na reunião passam pela maior ênfase nas questões sociais (como as questões da higiene e segurança do trabalho) e da biodiversidade, replicando os objectivos da certificação florestal, assentes nos pilares de sustentabilidade ambiental, social e económica, contribuindo assim para um acesso mais facilitado à certificação por parte dos proprietários; por enfatizar os ganhos potenciais para proprietários; pelo esclarecimento do enquadramento legal da cultura do eucalipto através de uma lista de Perguntas e Respostas acessíveis, que destaquem as questões relacionadas, por exemplo, com as regras de gestão de combustível e o interface urbano/floresta; pela realização de sessões de informação para prestadores de serviços e entidades como a GNR-SEPNA; por colaboração com autarquias onde a cultura do eucalipto seja importante; e, finalmente, por trabalhar num Glossário que explique termos normalmente associados à floresta e que não são entendidos pela população em geral.