Os produtores de cordeiro mirandês garantem que se reinventaram para escoar este produto apreciado em tempo de Páscoa, mas continuam as quebras significativas no negócio e a concorrência é forte para um produto certificado.
Este ano, a Associação de Criadores de Ovinos de Raça Churra Galega Mirandesa (ACORCM), em parceria com o município de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, estão a preparar iniciativas para a divulgação desta carne certifica com Denominação de Origem Protegida (DOP), tendo como ação principal a realização de um ‘Showcooking’, agendado para o dia 26, tendo em vista mostrar as potencialidades gastronómicas deste produto.
“A iniciava será feita com recurso às redes sociais onde o público poderá interagir e, desta forma, ficar com mais conhecimento para a confeção de pratos gastronómicos provenientes desta carne de qualidade superior e de uma forma não convencional”, disse à Lusa a secretária técnica da ACORCM, Andrea Cortinhas.
A demonstração gastronómica estará a cargo dos chefs Marco Gomes e Chacal.
Para a responsável, em pandemia de covid-19 esta é uma forma de promover um produto endógeno de grande valor económico e ao mesmo tempo mostrar todo o potencial gastronómico de uma carne com características organolépticas distintas, dando-lhe um toque de modernidade às suas mais diversas formas de confeção.
“Temos de aproveitar este tempo de vendas baixas provocadas pela pandemia que nos afetou há já dois períodos de Páscoa, sendo esta altura aquela em que mais cordeiro mirandês era consumindo”, vincou a responsável.
Agora, a esperança dos produtores de cordeiro mirandês está na retoma da restauração, para que estes produtos comecem a ser mais procurados e valorizados economicamente.
“Apesar da crise que o setor atravessa, não podemos estar parados e continuamos a valorizar o nosso produto”, vincou Andrea Cortinhas.
A secretária técnica disse que, por “experiência própria” e nesta altura de “crise”, os negociantes deste tipo de produto “aproveitam um pouco das fragilidades que o mercado atravessa neste momento, bem como as grandes superfícies comerciais”.
Contudo, para contrariar a especulação no negócio neste tipo de vendas, muitos produtores fazem-nas junto das suas explorações e poucos passam pela cooperativa de produtores.
“Esta carne é de qualidade excecional e o consumidor tem dado retorno disso mesmo. Apesar deste reconhecimento, até à data, destinados à Páscoa só temos encomendados 12 cordeiros, o que é muito pouco”, observou Andrea Cortinhas.
Esta situação tem-se vindo a agravar e, face à Páscoa de 2020, a situação “está bem pior”, apesar de terem sido implementadas várias plataformas de vendas ‘online’ para dinamizar o mercado deste produto.
Segundo dados avançados por Andrea Cortinhas, em período homólogo, a cooperativa ChurraCop – entidade responsável pela comercialização – vendeu cerca de 300 quilos desta carne certificada.
“Esta ano nem por sombra chegamos a estes valores. Está tudo muito pior devido ao cancelamento de diversos eventos promocionais, como as feiras gastronómicas e outros certames”, concretizou.
“Estamos a cerca de 15 dias da Páscoa e as perspetivas não são animadoras. Até ao momento há muito poucas encomendas. Isto é assustador. Se procurarem, neste momento, o cordeiro mirandês foi às grandes superfícies comerciais a preço mais baixo e como carne corrente”, lamentou a responsável.
A estratégia passa agora por convencer o mercado com várias iniciativas para alavancar as vendas e não criar impactos negativos num setor já fragilizado.
“Sabemos que os produtos alimentares continuam a ser procurados e esta é uma altura ideal para valorizar os produtos nacionais e certificados, e não dar preferência aos alimentos importados”, enfatizou Andrea Cortinhas.
O efetivo pecuário dos ovinos de raça Churra Galega Mirandesa ronda as 6.700 cabeças.