A produção mundial de tomate para indústria é estimada em 44,194 milhões de toneladas, a segunda maior de sempre. O valor está próximo do recorde atingido em 2009 (44,512 milhões de toneladas), revelaram os dados do World Tomato Processing Council, divulgados na conferência balanço organizada pela Magos IS.
Na Europa, apenas Itália (5,400 milhões de toneladas) e Grécia (390 000 toneladas) registam quebras. Portugal conta com uma produção estimada em 1,5 milhões de toneladas, 3% acima do ano anterior.
Após três anos consecutivos, entre 2020 e 2022, de quebras na produção mundial de tomate, devido aos verões quentes e aos anos secos nas principais regiões produtoras, nomeadamente na Califórnia e em Espanha, este ano as fábricas reforçaram os seus stocks de concentrado.
“Na Andaluzia existem 3 fábricas de tomate com capacidade para transformar 10 000 hectares de tomate, mas nos últimos anos esta região produziu apenas 2 000 a 3 000 hectares, porque não há água para regar. A área de agricultura de regadio aumentou 100% na Andaluzia, mas a infraestrutura de rega é a mesma”, explica Eugénio Ferreira, técnico da consultora espanhola Tepro, sediado em Sevilha.
Em Portugal, a água ainda não é um fator limitante, porém os elevados custos da cultura obrigam a um uso cada vez mais eficiente da água, dos adubos e dos fitofármacos.
“Os produtores de tomate em Portugal já passaram por tantas dificuldades nestes últimos 10 anos, com preços tão baixos pagos pelas indústrias, que foram obrigados a rentabilizar tudo o que era possível”, admitiu Joaquim Silva, diretor comercial da Magos IS.
“O caminho é continuarem a evoluir na monitorização do uso da água para regar de forma cada vez mais eficiente”, defende.
Portugal produz apenas 3% do tomate indústria a nível mundial, mas é um dos quatro países com maior vocação exportadora, a par dos EUA (11 470 milhões de toneladas), Espanha (2 600 milhões de toneladas), e Chile (1 150 M milhões de toneladas).
Eugénio Ferreira, técnico da consultora espanhola Tepro, apelou à união dos produtores para a valorização do produto: “a produção tem de encontrar forma de manter ou melhorar o preço, porque 15 cêntimos por 1 Kg de tomate é muito pouco, se o compararmos com outros produtos. Se não for o campo a valorizar os seus produtos quem o fará?”.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.