A produção e o consumo global de alimentos de origem animal, como carne, laticínios e ovos, devem crescer significativamente até 2034. A projeção faz parte do relatório Perspetivas Agrícolas 2025-2034, divulgado no passado dia 16 de julho, em Roma, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Segundo o estudo, o aumento do rendimento em países de economia emergente será o principal motor desse crescimento. Estima-se que a produção de alimentos de origem animal cresça 17% na próxima década, enquanto o consumo calórico também terá um aumento expressivo. Esse avanço será acompanhado por um aumento de 7% nos efetivos globais de bovinos, suínos, ovinos e aves.
Crescimento agrícola tem de ser sustentável
Apesar do cenário otimista em relação ao consumo e à produção, o relatório destaca que será necessário equilibrar a segurança alimentar com a sustentabilidade ambiental. Para isso, a produtividade agrícola deverá crescer pelo menos 15% até 2034. Ao mesmo tempo, será preciso reduzir em 7% as emissões de gases de efeito estufa no setor agropecuário.
“O crescimento agrícola não precisa ocorrer às custas do meio ambiente. Com políticas públicas eficazes e tecnologias sustentáveis, é possível alimentar o mundo e proteger o planeta ao mesmo tempo”, afirmou Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE.
A adoção de práticas sustentáveis, aliada a inovações tecnológicas no campo, será essencial para manter os mercados alimentares abertos e resilientes. O relatório enfatiza a necessidade de ações coordenadas entre governos, setor privado e organizações internacionais para enfrentar os desafios globais da produção de alimentos.
Pressão sobre preços e impacto nos pequenos agricultores
O documento também prevê que os ganhos de produtividade reduzirão os preços reais das commodities agrícolas, o que pode representar riscos para os pequenos agricultores. Com baixa capacidade de adaptação tecnológica e maior vulnerabilidade à volatilidade do mercado, esses produtores podem enfrentar dificuldades para se manterem competitivos.
A FAO e a OCDE recomendam investimentos em inovação acessível, capacitação técnica e políticas públicas que apoiem a inclusão de pequenos agricultores nas cadeias produtivas sustentáveis.
Projeções até 2034
- +17% na produção de alimentos de origem animal;
- +14% na produção global de commodities agrícolas e pesqueiras;
- +7% no total de efetivos pecuários globais;
- –7% é a meta de redução nas emissões até 2034;
- +15% de aumento esperado na produtividade agrícola.
O relatório é uma das principais referências internacionais para análise de tendências no setor agroalimentar e serve como base para a formulação de políticas públicas e estratégias de longo prazo em mais de 40 países.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.