A Portugal Nuts, em colaboração com o Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos (CNCFS), prevê que a produção de noz deverá manter-se constante este ano. A conclusão tem como base informações recolhidas juntos dos associados destas organizações.
Segundo explica o documento PortugWalnut Info, apesar de ter existido um aumento de área de mais de 2 695 hectares (+93%) nos últimos 10 anos, os maiores incrementos, a partir de 2018, devem-se a pomares que ainda não se encontram em plena produção. A noz mantém o estatuto de terceiro fruto de casca rija do país.
A produção de noz em casca tem acompanhado este crescimento de área (7 125 toneladas). Contudo, a produtividade média tem-se mantido constante (1 300 quilos por hectare) uma vez que o efeito das maiores produtividades das novas áreas só se fará sentir a partir do sétimo ano, após a instalação.
A propósito deste balanço, o diretor Executivo da Portugal Nuts, António Saraiva, comenta: “A campanha da noz, ainda em fase de conclusão para os produtores mais a norte, apresentou muitas dificuldades para a generalidade dos produtores, especialmente para aqueles que não conseguiram apanhar mais cedo ou com variedades mais tardias. As intensas chuvas de outubro, prejudicaram o decurso da colheita e estão a dificultar a secagem dos frutos”.
“De momento, sente-se um aumento da procura por falta de noz na Península Ibérica. Esperam-se aumentos da produção nos próximos anos, por via da maturidade das mais recentes plantações”, nota ainda.
Análise da campanha de noz por região:
- Trás-Os-Montes
- A precipitação tem dificultado a apanha da noz e a secagem dos frutos;
- A noz da variedade “Franquette” calibre
- Face à campanha anterior, registaram-se calibres inferiores e menores rendimentos em miolo e uma produção mais baixa.
- Beiras
- A campanha está atrasada. A precipitação prejudicou os produtores que atrasaram a apanha, tendo maior dificuldade em secar os frutos;
- Preços baixos desde o início da campanha;
- Face à campanha anterior, registaram-se dificuldades na comercialização, uma produção mais elevada e nozes com bom calibre.
- Ribatejo
- Colheita difícil atendendo às condições meteorológicas. A chuva constante e significativa encurtou a janela para uma colheita com condições mais adequadas;
- Recolha ajustada para minimizar o tempo de permanência das nozes nas parcelas, com interrupções e ajustes dos meios (manuais e automatizados), face à situação dos solos;
- Em comparação com a campanha anterior: a maturação adiantou-se em cerca de uma semana, mas a persistência de elevadas temperaturas na segunda quinzena de setembro e princípios de outubro, manteve o cascão verde por mais algum tempo por falta de humidade;
- A produção global esteve dentro das expetativas com alguma diversidade por parcela e a média de calibres foi superior;
- Os preços estão em linha com o planeado. Para os pedidos de novembro e dezembro nota-se alguma pressão em alta atendendo à escassez de noz proveniente do Chile e algumas questões de qualidade noutras geografias.
- Alentejo
- A colheita adiantou-se cerca de uma semana e foi forçada nalguns locais, antecipando-se ao agravamento das condições do tempo;
- As chuvas afetaram a variedade mais tardia (Chandler), que é a referência do mercado, fazendo com que parte da produção tenha sido perdida ou tenha sido destinada a descasque ou a fins de menor valorização;
- Em comparação com a campanha anterior, a produção ficou abaixo das expetativas tendo a redução chegado, em determinadas zonas, a aproximadamente 25%;
- Os preços estiveram baixos desde o início da campanha com ligeiras subidas, motivadas pela procura por falta de noz na Península ibérica, e não por aumentos de consumo.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.