Enfrentar as mudanças climáticas é um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta. Na próxima década, as tecnologias da Quarta Revolução Industrial – particularmente 5G, Internet of Things (IoT) e Inteligência Artificial (IA) – vão fornecer as ferramentas necessárias para aumentar a eficiência da economia e para preparar uma sociedade pós-combustíveis fósseis.
Mas podemos realmente fazer isso? E se sim, como?
É por demais conhecido o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas sobre os efeitos do aquecimento global, o qual estabelece claramente a diferença entre um aumento da temperatura de 1,5°C a 2°C e enfatiza a necessidade urgente de evitar pontos de inflexão nos sistemas de suporte de vida da Terra.
Para nos dar a hipótese de limitar o aquecimento global a esse nível, a emissão de gases de efeito estufa deve atingir o pico até 2020 e depois cair para metade a cada década, correspondendo a reduções anuais de 7% como média global. Devemos tomar medidas sem precedentes para conseguir atingir esse objetivo a todos os níveis da sociedade.
O roadmap de ação climática
No Global Climate Action Summit do ano passado foi lançado um relatório, o Exponential Climate Action Roadmap, onde se procurou perceber como uma redução de 50% das emissões de gases de efeito estufa até 2030 pode ser implementada em setores como a energia, indústria, edifícios, transporte, consumo de alimentos, agricultura ou silvicultura. As conclusões apontam que a redução para metade até 2030 das emissões é possível – e o setor de tecnologia digital é fundamental para alcançar a meta.
Das soluções identificadas no relatório, um terço corresponde a soluções de TIC existentes, cerca de 15% das emissões globais, ou seja, acima da pegada da UE e EUA juntos. Isso pode ser comparado com a pegada do setor de TIC, que se manteve estável por vários anos a um nível de 1,4% das emissões globais, apesar do crescimento exponencial de dados.
Este documento inclui propostas para o setor, como:
- Implementação de pacotes de políticas coerentes que suportem tecnologias e modelos de negócios para descarbonização profunda, enquanto suprimem processos intensivos em emissões e carbono.
- A digitalização e as estratégias climáticas devem ter um reforço amplo mútuo.
- Criar uma economia circular, economia digital e modelos de economia partilhada que possam ser otimizados e incentivados no que diz respeito ao tema clima.
- Desenvolvimento de roteiros exponenciais de ação climática para indústrias, negócios, cidades, regiões e nações.
Como podemos substituir atividades de alta emissão?
Queremos dar o exemplo através do estabelecimento de metas climáticas nítidas baseadas na ciência. Com isso, queremos reduzir as emissões das nossas próprias operações e produtos, além de trabalhar com as nossas cadeias de fornecimento e investir nas energias renováveis. O setor de TIC é já o maior comprador mundial de eletricidade renovável.
Mas, e embora a sociedade se concentre amplamente em suprimir atividades com altas emissões, devemos continuar a aumentar a nossa ambição de desenvolver soluções de substituição. Essas soluções costumam trazer enormes benefícios sociais em termos de desenvolvimento sustentável, bem como oportunidades de negócio.
Na Ericsson reduzimos as nossas emissões em 50% e estamos continuamente a trabalhar para cumprir outras metas, além de demonstrar de que forma os nossos produtos e soluções podem ajudar a baixar para metade as emissões globais. O objetivo agora é desafiar outras empresas e reguladores a participarem desta missão. A hora de agir é agora. Em pouco mais de uma década temos que reduzir para metade as emissões de carbono do mundo, e a nossa indústria precisa (e vai) mostrar o caminho.
O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico