Na Quinta do Carvão, os vestígios dos incêndios de outubro de 2017 ainda saltam à vista: árvores negras, alfaias e tratores queimados, deixados exatamente nos mesmos locais, onde perderam o brilho, como que servindo de prova para o que aconteceu a António Rodrigues. O pastor e agricultor, de 61 anos, recebeu dois mil euros de apoio do Estado para refazer a vida. Sente que é pouco e, por isso, diz não esquecer quem lhe estendeu a mão.
“Marcelo” é o nome e símbolo de uma homenagem que António Rodrigues quer fazer ao recordar a história vivida há um ano, quando conheceu o Presidente da República.
“A ‘Vitória’ foi uma chibinha que me ofereceu o Presidente da República no dia da Feira do Queijo, em Oliveira do Hospital, e agora ela teve um parto, tem um bebezinho”, mostra no pasto, a nova cria. “Já salta o ‘Marcelo’, é muito esperto”, acrescenta.
O “bebezinho”, como António também chama carinhosamente ao chibito, tem um nome especial que tem gerado discórdia entre o pastor e a sua filha, Ana Silva, 38 anos, que teme melindrar o Presidente da República. “Pensei em dar-lhe o nome de Marcelo, mas a minha filha opõe-se”, afirma o pastor, interrompido por Ana: “o senhor Marcelo, se calhar, fica um bocado chateado porque pusemos o nome do padrinho, ao chibito”, assume.
Mas o pastor está decidido a agradecer a Marcelo Rebelo de Sousa por lhe ter oferecido a primeira cabeça de gado, quando perdeu tudo nos incêndios de outubro de 2017.
“Perdi o gado todo, as árvores todas, fiquei sem nada, recebi um subsídio de dois mil euros, foram as alfaias, os reboques, ardeu tudo, ao princípio chegava aqui, dava uma volta, e não me sentia aqui bem, e assim olhe não é qualquer pessoa que tem o ‘Marcelo’, é muito lindo”, diz o pastor.
A cabrinha nasceu no dia 12 de fevereiro em Avô, uma freguesia de Oliveira do Hospital. O pastor está feliz, mais feliz só se o Presidente da República o visitasse. “Eu gostava que ele cá viesse conhecer o ‘Marcelo’, quem sabe se não aparece por aí”, sonha António.