Em entrevista à RTP, em Luanda, na véspera do início da visita de Estado a Angola do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, o chefe de Estado angolano revelou que, desde a visita que fez a Portugal, em novembro, a dívida está a ser regularizada, com equipas técnicas e ministeriais a trabalhar no sentido do reconhecimento formal dos valores.
“Gradualmente temos vindo a reduzir esse mesmo valor. E nos próximos dias vamos fazer mais um pequeno esforço no sentido de reduzir ainda mais esse mesmo valor. O importante é que toda a dívida é para ser paga, desde que o devedor reconheça que deve e Angola reconhece que deve”, afirmou João Lourenço.
Contudo, o chefe de Estado não se comprometeu com um calendário de pagamentos. “Se fosse possível liquidarmos a dívida de uma vez, fá-lo-íamos. É evidente que isso não é possível. O importante é dizer que estamos a fazer o esforço de acelerar esse reembolso da dívida para com Portugal”, declarou.
Dirigindo-se na entrevista aos empresários portugueses, o chefe de Estado angolano apontou o desejo de ver mais investimento em Angola em áreas específicas que permitam reduzir o peso das importações de bens essenciais que o país ainda não produz.
“Gostaríamos de ver maior presença do empresariado português na agricultura, nas indústrias, na indústria transformadora, nas várias indústrias, não especificamente na indústria extrativa, mas sobretudo na indústria transformadora, no turismo. Sobretudo nessas áreas”, referiu.
Globalmente, entre os credores do Estado angolano estão várias empresas portuguesas que, segundo Portugal, reclamam 400 a 500 milhões de euros, embora Angola situe o valor na ordem dos 300 milhões de euros.
Este será um dos temas que vai estar no centro das atenções durante a visita de Estado que Marcelo Rebelo de Sousa fará a Angola entre terça-feira e sábado, tal como o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, disse à Lusa em 15 de fevereiro último, em Luanda, onde esteve numa visita de trabalho de 24 horas.
Na mesma ocasião, Santos Silva escusou-se a quantificar o montante das dívidas por pagar pelo Estado angolano às empresas portuguesas que operam em Angola, limitando-se a indicar que o processo está no “bom caminho”.