O nome de João Valente volta a destacar-se no panorama agrícola europeu, ao ser reconhecido como um dos “Top 50 Farmers 2025” – uma distinção que sublinha o mérito do seu percurso à frente do Monte Silveira, na Beira Baixa. Num contexto onde a sustentabilidade assume um papel central, João Valente lidera a transição de uma exploração tradicional de mil hectares para um verdadeiro polo de inovação regenerativa.
O Monte Silveira foi palco de uma transformação profunda ao longo das últimas duas décadas. De um terreno árido e desgastado, João Valente e a sua equipa conseguiram revitalizar solos e biodiversidade, recorrendo a práticas regenerativas e orgânicas certificadas. Hoje, este é o primeiro projeto agrícola de grande escala na Europa a obter a Certificação Regenerativa Orgânica, tornando-se um farol para outras explorações europeias.
O segredo do sucesso assenta numa abordagem integrada e inspirada no sistema ancestral do montado, que ocupa cerca de 60% da propriedade. A conjugação entre pastagens perenes, sobreiros, azinheiras e a gestão cuidadosa do gado permitiu restaurar equilíbrios naturais e potenciar a produtividade de forma sustentável. A aposta em rotações de animais – porcos pretos, ovelhas, vacas e cabras – permite replicar ciclos ecológicos, promovendo a fertilidade do solo e aumentando a resiliência dos ecossistemas.
Além da produção diversificada de carne, cereais, leguminosas e frutos secos, Monte Silveira tem vindo a multiplicar fontes de rendimento através de eventos, venda direta ao consumidor e créditos de carbono. Este modelo inovador torna-se especialmente relevante numa altura em que, segundo João Valente, “não existem ainda políticas ou incentivos robustos em Portugal para apoiar práticas regenerativas”.
Para além da vertente agrícola, o projeto assume-se também como centro de apoio a novos agricultores e empresários, promovendo investigação e desenvolvimento em parceria com universidades e instituições nacionais e internacionais. João Valente é ainda cofundador da Orgo, uma plataforma dedicada à partilha de conhecimento entre agricultores que apostam na transição para a agricultura regenerativa.
Este reconhecimento internacional não só valoriza o trabalho desenvolvido no interior do país, como reforça a importância da inovação e sustentabilidade no futuro da agricultura nacional.
A excelência do trabalho realizado no Monte Silveira foi já reconhecida no terreno pela Rede Nacional PAC, que visitou a exploração e é testemunha da sua qualidade, inovação e do impacto positivo tanto para o ambiente como para a agricultura nacional. O impacto e as boas práticas desta exploração podem ser vistos no filme produzido pela Rede, disponível em: ver filme da Rede Nacional PAC.
O artigo foi publicado originalmente em Rede Rural Nacional.