Oportunidade criada com exportação para “o maior importador de carne do mundo” vai fazer crescer produção, que hoje satisfaz 65% do consumo nacional.
Os suinicultores portugueses acreditam que a exportação para o mercado chinês irá contribuir para o crescimento da produção, perspetivando atingir a autossuficiência para o mercado nacional até 2030, declarou hoje o presidente da Federação das Associações de Suinicultores.
Na abertura do 9.º Congresso Nacional de Suinicultura, que decorre hoje e na quinta-feira no Cineteatro de Rio Maior (Santarém), Vítor Menino afirmou que a oportunidade de negócio criada com a exportação para “o maior importador de carne do mundo” vai obrigar a produção nacional, que atualmente satisfaz 65% do consumo nacional, a crescer, contribuindo para que se atinja a autossuficiência “no horizonte 2030”.
“Portugal precisava de uma alternativa à concentração da procura. Foi o inconformismo que nos fez ir à procura”, declarou no primeiro dia de um congresso que tem como temas centrais as potencialidades do mercado chinês para a suinicultura portuguesa e as tendências de consumo, com destaque para a apresentação dos mais recentes estudos sobre produção de carne sintética.
Vítor Menino afirmou que este é um processo ainda “embrionário”, mas que “merece a atenção dos produtores pecuários do mundo inteiro”, por gerar polémica e por se desconhecer ainda se no futuro será um desafio para o setor.
O ministro da Agricultura, que presidiu à abertura do encontro, enquadrou a investigação sobre produção de carne sintética, atualmente em curso, no contexto da procura de alternativas para alimentos convencionais, tendo em conta o aumento da população mundial e a impossibilidade de generalizar os padrões de consumo do modelo alimentar ocidental, dando o exemplo de Portugal, em que o consumo anual de carne de porco por habitante é de 43 quilogramas.
Frisando que ainda é cedo para saber se o processo — que passa pela multiplicação de células vivas em laboratório — dará um dia resultados positivos, quer do ponto de vista organoléptico quer de custos (estima-se que a produção de um único hambúrguer atinja neste momento os 250 mil euros), Capoulas Santos afirmou que se trata de “trabalho científico a ser acompanhado”.
Durante o encontro serão ainda debatidas questões como o impacte ambiental da suinicultura ou os desafios da sucessão geracional num negócio que em Portugal se mantém eminentemente familiar.
Vítor Menino disse acreditar que a tendência de subida do preço da carne de porco, proporcionada pela entrada noutros mercados, não será “drama nenhum” para os consumidores nacionais e que permitirá, além do contributo para a balança comercial do país, obter mais-valias para aplicar na melhoria do desempenho ambiental e das condições gerais das explorações, “que até aqui não havia condições financeiras para fazer”.
O presidente da federação pediu, contudo, mais “agilidade” na aprovação dos planos de gestão de efluentes e nos licenciamentos, aludindo a “interesses contrários à produção”, nomeadamente no “mundo dos adubos e dos fertilizantes sintéticos e outro tipo de investimentos” que estão “a levantar problemas”.
Para Vítor Menino, o país tem área, clima, água e saber para tornar possível a expansão da produção suinícola.