Este ano, foram plantados entre 15 a 20 mil novos castanheiros no concelho de Vinhais, o que corresponde a “100 hectares novos”, adiantou, hoje, o presidente do município, mas a campanha ainda está atrasada.
Segundo o autarca Luís Fernandes, “há mais plantação de castanheiros” face ao ano anterior, sendo esta uma das culturas mais importantes do concelho.
O concelho de Vinhais é um dos maiores produtores de castanha do país. Por ano, são produzidas neste concelho do nordeste transmontano entre 12 a 15 mil toneladas de castanha, gerando um volume de negócio de cerca de 15 milhões de euros.
“Nas zonas de montanha, a castanha é, talvez, uma das únicas culturas que ainda consegue apresentar rentabilidade, apesar de ser uma cultura com cada vez mais problemas e cada vez menos soluções”, afirmou o presidente da Arborea – Associação Agro-florestal da Terra Fria Transmontana, Abel Pereira.
Este ano, embora alguns produtores já andem na apanha do fruto, a campanha está atrasada “em relação aos últimos 20 anos”.
“Num ano precoce, nós estaríamos no último terço da campanha, o que quer dizer que terminaria pelo 15 de novembro. Num ano tardio, estamos no início da campanha”, disse.
Face a este atraso, o especialista considera que, este ano, “a castanha pode ser de calibre mais reduzido, porque não teve tempo de se formar”, mas não quis, para já, fazer previsões, embora esteja convicto de que “não será tão mau” como 2017, quando arderam muitos castanheiros devido aos incêndios rurais, e como 2022, onde houve locais sem produção.
Por outro lado, salientou que o atraso é benéfico, porque o “bichado não é muito intenso” e o fungo ‘Gnomoniopsis castanea’, que leva à podridão da castanha, “este ano não deve ter expressão”.
Além disso, prevê-se também que o preço aumente. “O positivo é que a castanha, quanto mais tardia for, melhor vai ser o valor, porque 50% da castanha em Portugal é consumida entre o dia 1 e o dia 11 de novembro, depende da oferta e da procura, e o preço é definido nesse período”, explicou Abel Pereira.
No ano passado, o preço da castanha ultrapassou os 2,5 euros. Este ano, por agora, varia entre “os 1,6 euros e 2,5 euros”, o que “não é mau” para um preço de partida, segundo o presidente da Arborea.
O presidente do município e o da Arborea falavam à margem da apresentação da Rural Castanea de Vinhais, que acontece entre 7 e 9 de novembro.
O certame vai já na 20.ª edição e, de acordo com o autarca Luís Fernandes, durantes estes dias são gerados “centenas de milhares de euros da venda da castanha e de outros produtos”, uma vez que a feira conta ainda com comerciantes de fumeiro, mel, azeite, entre outros.
Nesta edição, há também mais expositores, num total de 61, ou seja, mais “sete ou oito” produtores de castanha do concelho.
Uma das novidades é a prova cega de castanhas, onde os participantes, com os olhos vendados, terão de identificar a variedade da castanha que estão a provar.
No certame também não vai faltar o maior assador de castanhas do mundo, com capacidade para assar uma tonelada de castanhas em simultâneo.
Com o intuito de promover as raças autóctones, pela primeira vez o certame é palco do Concurso Nacional de Ovinos de Raça Churra Galega Bragançana Branca e Preta e o Concurso Nacional da Cabra Preta de Montesinho.
São esperadas ainda as habituais jornadas técnicas do castanheiro e animação, com dois concertos.