As alterações climáticas trouxeram desafios à viticultura que as tecnologias tentam resolver, mas regressar às origens pode ser uma resposta válida para o futuro da vinha.
Um pouco por todo o mundo, as temperaturas extremas e as intempéries estão a provocar estragos. A terra sofre e com ela a vinha, o que está a mudar o vinho que se consome. Os novos hábitos dos consumidores são também a resposta às alterações climáticas, em que a preferência recai em vinhos mais frescos e com menor teor alcoólico. Os produtores adaptam-se no terreno e na adega, com os olhos postos no futuro. João Maria Portugal Ramos defende que, se há muita paixão na arte de fazer vinho, este tem de ser um negócio rentável e os desafios e as consequentes mudanças acarretam custos. “As alterações dificultam o nosso trabalho e metem medo. Infelizmente, a indústria do vinho é pobre e não consegue investir o que devia em tecnologia, mas devagar lá se chegará.” Quanto mais pequena a área de vinha, maiores são as dificuldades de modernização, é essa a realidade nos vinhos Chão de São Francisco, em que a biotecnologia não é uma ferramenta. “É algo inevitável”, concorda o proprietário José Luís Nunes, “mas só com apoios do Estado produtores da nossa dimensão conseguem adoptar este tipo de tecnologia. Por agora, temos um país que vive a várias velocidades nas questões da terra.”
É a décima vindima de João Maria Portugal Ramos e a 42.ª do seu pai, João Portugal Ramos, duas gerações que se completam no saber fazer e na visão para a vinha. Com 30 anos de experiência, sobretudo na região do Alentejo, onde está a sede do Grupo JPRV, na Adega Vila Santa, em Estremoz, a cada colheita é preciso atender às necessidades do terreno, ajustar o calendário às oscilações da temperatura da região e criar dinâmicas locais que promovam o desenvolvimento rural assente em práticas sustentáveis. Nesse sentido, todas as vinhas do Grupo, que se estendem também às regiões do Douro Superior e Beira Atlântica, […]