Produtores esperam que maior acesso dos trabalhadores às quintas em cerca sanitária permita minimizar perdas. Nos super nacionais, situação tem tido impacto “marginal”.
Oito dias de cerca sanitária em Odemira deixaram marcas: até ontem, estima-se que 1800 toneladas de alimentos tenham sido atiradas ao lixo, resultando, no mínimo, em 7 milhões de euros de prejuízos. Nos supermercados nacionais a cerca está a ter um impacto “marginal”, com as cadeias a substituir artigos por produtores nacionais de outras zonas do país, mas o maior impacto poderá ser mesmo nas exportações. “Pode afetar o volume de negócios este ano e o valor das exportações. Tínhamos como objetivo chegar aos 1800 milhões de euros de exportações, no ano passado atingimos os 1683 milhões”, adianta Gonçalo Santos Andrade, presidente da Portugal Fresh e vice-presidente da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP).
Nos últimos dez anos tem sido sempre a crescer nas exportações do setor das flores, frutas e legumes. Em 2020 foi, de resto, dos poucos a contrariar os efeitos da pandemia nos envios nacionais. “Temos batido todos os anos recordes, e olhávamos para 2021 como um ano em que, mais uma vez, iríamos crescer e chegar, pela primeira vez, aos 1800 milhões de euros”, diz Gonçalo Santos Andrade. Mas, neste ano, a mesma pandemia – e a sobrelotação vivida por muitos trabalhadores agrícolas na região – colocou em cerca sanitária as freguesias de São Teotónio e Almograve, em Odemira, concelho responsável por 15% dos envios de frutas e legumes para o exterior.
Com cerca de 40% dos trabalhadores impedidos de aceder às quintas, em pleno pico da colheita, as perdas nos terrenos acumulam-se. “As estimativas que tínhamos feito